domingo, 18 de dezembro de 2016

O Novo Testamento segundo a Ufologia

Novas interpretações da Bíblia indicam que Jesus foi um alienígena enviado à Terra


O primeiro período da década de 70, época obscura da política brasileira, quando a ditadura militar implementava suas maiores atrocidades contra aqueles que teimavam em seguir caminhos contrários aos rumos determinados pelo então presidente Médici e seus políticos colaboradores, coincidiu com a conturbada adolescência da Ufologia Brasileira. As práticas religiosas ditadas pela Igreja Católica Apostólica Romana eram rigidamente cumpridas no maior país católico do mundo, sendo o catolicismo oficialmente reconhecido como a religião do Brasil, a única a ser ministrada no ensino religioso das escolas públicas. Quem colocasse esses pressupostos divinos em questão seria queimado vivo na inquisitória fogueira da ignorância pública e condenado ao ostracismo.

Nesse contexto, surgem no país as primeiras obras de impacto que levantariam graves suspeitas sobre o que estava estampado nas escrituras sagradas do cristianismo. Como uma adolescente indócil e rebelde, em plena produção hormonal, a Ufologia Brasileira, através do ufólogo Fernando Cleto Nunes Pereira, em seu livro A Bíblia e os Discos Voadores, atingira em cheio os principais alicerces da igreja, repetidos e pregados exaustivamente séculos a fio por seus evangelistas. Tal qual um vendedor de balas que oferece uma guloseima nova a uma criança ávida por novidades, Pereira ousara chamar-nos à leitura de novos pontos de vista sobre o que realmente dizia a Bíblia, com uma frase que, neste momento, a roubaremos para finalizar a introdução de nossas espinhosas e ousadas afirmações a respeito das relações entre os Evangelhos e a Ufologia: “Aqueles que seguirem com muito afinco uma religião de cunho cristão, não deverão ler esta obra”.

Hoje, assistimos a calorosas discussões na mídia sobre o que alguns novos teólogos expressam em suas obras literárias, as quais causaram grande furor nos meios religiosos. Essas obras estão, curiosamente, apenas no final do século passado e início desse terceiro milênio, remexendo e questionando o que sempre foi dito em missas e cultos cristãos durante esses dois mil anos. Principalmente no que se refere aos Evangelhos apócrifos, as discussões estão se acirrando. Entretanto, ao que nos parece, esse reaquecimento filosófico curiosamente ainda não chegou, pelo menos publicamente, às raias da Ufologia, que é o que pleiteamos agora. Talvez o rumo das pesquisas seja estrategicamente guiado para passar à margem de conceitos considerados indesejáveis à luz dos auto-intitulados escolhidos de Cristo, mas não é essa questão que queremos levantar no momento.

Algumas dessas novas discussões giram em torno de afirmações levantadas sobre a impossibilidade de Ana, mãe de Maria, ter filhos, sobre a virgindade ou não de Maria, das posses nada modestas de Joaquim, avô de Jesus, das visitas freqüentes dos anjos em determinadas épocas a esses escolhidos, sobre os pequenos milagres de Cristo quando ainda era criança, ou pela rispidez desse no trato com sua família. Tal atitude está descrita nas obras Jesus, um Retrato do Homem, do jornalista A. N. Wilson [Ediouro], Cristo, uma Crise na Vida de Deus, do ex-jesuíta Jack Miles [Companhia das Letras], e em Mãe, A História de Maria, de Júlia Bárány [Editora Mercuryo]. Todas essas obras estão baseadas nos Evangelhos apócrifos. Contudo, nenhuma delas toca na espinhosa questão dos verdadeiros causadores de fatos tão incomuns nas vidas desses ícones do cristianismo. 


Onipotência Divina 


Tudo é simplesmente atribuído a Deus e a seus anjos, arcanjos, querubins e serafins. Provavelmente, pelos termos que geraram a contenda, não era a intenção dos autores das citadas obras adentrar nessa área, mas qualquer discussão nesse sentido, mais cedo ou mais tarde, acabaria resvalando na questão dos UFOs na Bíblia – até porque uma coisa é inerente à outra. Para a Ufologia, a questão está exatamente aí: quem é Deus e quem são esses auxiliares que tanto influenciaram nos protagonistas da Bíblia? Considerando-se que nela mesmo, em Gênesis, os evangelistas se referem a Deus em hebraico, por meio da palavra elohim, que significa deuses, no plural, e não Eloah, no singular, como seria o correto, podemos ter uma idéia da variedade de líderes e suas falanges celestes que nos visitaram no passado. Entre os ufólogos, alguns religiosos, e também em reservados círculos científicos, não é novidade nenhuma que tanto a Bíblia e seus apócrifos, quanto os livros sagrados de outras religiões, como o hinduísmo e o budismo, estão repletos de relatos sobre esses seres e suas máquinas voadoras, e que seus feitos são, em sua maioria, provas incontestáveis de uma origem alienígena. Outra questão a se levantar é o fato de que tanto essas escrituras, quanto às conclusões de estudiosos que ousaram tocar no tema ufológico-religioso, serem constantemente evitados por exegetas clericais. 

Divindades Africanas

O filósofo e teólogo Roberto dos Santos Miranda, padre excardinado da Diocese de Brasília, autor de três livros sobre divindades africanas, acha perfeitamente viável que essas teorias ufológicas tenham seu fundo de verdade. Contudo, pensa que jamais o Vaticano abordará o assunto do ponto de vista desejado pelos ufólogos, simplesmente por dois motivos. Primeiramente, porque as provas disponíveis, concernentes à Bíblia e aos apócrifos, quando não são tidas como manifestações metafóricas exageradas de seus autores, sendo esse um dos motivos que levaram os apócrifos a serem proscritos dos textos sagrados, são então encaradas como milagres, tendo, portanto, origem divina. 

E, se existem provas que não são públicas, estas estão muito bem guardadas nos andares e longos corredores da Biblioteca do Vaticano, reconhecido baluarte milenar da história das civilizações que se instalaram na Ásia Ocidental, Oriente Médio, Europa e Norte da África. Padre Miranda nos lembra que o Vaticano tem inúmeros volumes da Biblioteca de Alexandria, milagrosamente salvos por antigos sacerdotes, que, antes de ser destruída pela invasão romana, continha toda a história das primeiras civilizações terrestres. Sabemos também que revelações provenientes de uma discussão dessa importância colocariam em cheque, imediatamente, toda a teologia católica e seus dogmas. Contra isso, existe uma poderosa corrente dentro do Vaticano, que, detectado algum foco de perigo estrutural na igreja, prontamente entra em ação, expressando suas palavras através do papa. 

A última manifestação dessa equipe conservadora, provavelmente motivada por esses novos questionamentos teológicos, foi comunicada no mês de abril, quando João Paulo II determinou que aquele que se considerar católico, de preferência praticante, estará terminantemente proibido de participar de qualquer outro culto religioso. Ora, uma atitude dessa, vinda do pontífice que ficou reconhecido como o papa que pregava o ecumenismo, é uma incongruência. 

O primeiro ufólogo a questionar exclusivamente os Evangelhos apócrifos, bem antes das atuais e limitadas conclusões levantadas pelos novos teólogos, foi o espanhol J. J. Benítez, em sua obra Os Astronautas de Yaveh, em 1980 [Editora Mercuryo]. Nessa obra, o autor chama diversas vezes a atenção do leitor sobre a constante presença dos anjos e seus feitos, e sobre os talentos dos protagonistas do Antigo e do Novo Testamento, que são ainda mais surpreendentes nos apócrifos. Conclusivamente, assim como Fernando Cleto Nunes Pereira, Benítez afirma que só um plano muito bem elaborado por criaturas que realmente não eram desse planeta estaria por trás dos acontecimentos relatados nas escrituras.


Ufologia e Evangelhos 

No intuito de chegar a conclusões livres de preconceitos religiosos e de visões dogmáticas que governam o cristianismo há séculos, gostaríamos de convidar os leitores a desfazerem-se dessas amarras e buscarem, sob novos aspectos, a velha máxima de Jesus Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Para tal, precisarão apenas transportar sua ótica dos remotos tempos bíblicos para nossa era. O tipo de postura que aqui propomos é o que faz o estudo ufológico há pelo menos 30 anos, promovendo uma modificação conceitual sobre os relatos bíblicos, encarando-os do ponto de vista atual, baseando-se nas tecnologias que já estão ao nosso alcance, também na rica casuística ufológica e nos incontáveis relatos acumulados e publicados em livros neste meio século de estudo científico da matéria. Tudo isso está acessível para aquele que “...tiver olhos para ver e ouvidos para ouvir”, como Cristo colocou.

Primeiramente, é necessário ter em mente o que representam os Evangelhos e outros livros apócrifos para as diversas igrejas e suas doutrinas cristãs, bem como para os demais seguidores independentes dos ensinamentos bíblicos. Conforme o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra apócrifo significa “...obra ou fato sem autenticidade, ou cuja autenticidade não se provou. Diz-se, entre os católicos, dos escritos de assunto sagrado não incluídos pela igreja no Cânon das escrituras autênticas e divinamente inspiradas”. Entre os cristãos esotéricos, o conceito mais usado vem do grego apocrypha, que, como coloca o Glossário Teosófico, é “...erroneamente traduzido e adotado como ‘duvidoso’ ou ‘espúrio’. A palavra significa simplesmente secreto, oculto ou esotérico”. 

Antes do surgimento do cristianismo, esse último conceito era usado para identificar algumas obras, sobretudo, pelos sumos sacerdotes e seus iniciados nas escolas secretas, das quais, as mais conhecidas encontravam-se na Antiga Grécia, Egito, Índia e nas montanhas do Himalaia. É comum nesses meios a afirmação de que, num período ocultado pela Bíblia, o próprio Jesus Cristo freqüentou uma dessas escolas durante sua infância ou adolescência, a dos essênios, tendo acesso a vários desses apócrifos e trocando alguns de seus conhecimentos com mestres dessa escola. Mais tarde, seus conceitos seriam utilizados em sermões e confrontos nos templos sagrados dos judeus. 

Cabe aqui ressaltar que os essênios constituíam uma seita misteriosa de judeus de cunho espírita, que, segundo o historiador Plínio, viveu próxima ao Mar Morto por millia soecolorum, milhares de séculos. Após a chegada do profetizado Enviado, muitos desses essênios passaram a compor os cristãos gnósticos, uma seita basicamente esotérica, dentre várias novas que passariam a compor o catolicismo. A realidade é que os Evangelhos apócrifos, conforme os conhecemos hoje, começaram a surgir após o Concílio de Nicéia, no ano de 325 d.C., quando alguns foram separados dos 73 livros canônicos [Lista dos livros sagrados admitidos pela Igreja Católica]. Os motivos para sua separação e, em alguns casos, reinserção, através dos diversos concílios, é questão de caloroso debate entre os estudiosos. Não deverão ser aqui expostos, pois tomariam demasiado tempo. 

Mas vale adicionar que algumas dessas razões apresentam tamanho absurdo e ignorância, que deixariam quaisquer padres ou pastores protestantes, suficientemente coerentes, rubros ao expô-las em seminários ou pregações. Tais comportamentos de exceção, característicos de seitas dominantes no cristianismo nascente, podem ser comparados com aquele que encontramos na suposta predicação final de Cristo no Evangelho de Bartolomeu, onde Ele fala da Igreja Católica, que não tem nenhum fundamento, e “representa um anacronismo ridículo”, segundo as palavras de Maria de Oliveira Tricca, compiladora da obra Apócrifos, Os Proscritos da Bíblia [Editora Mercuryo]. 

Iluminatis

Entre os ufólogos, essa discussão sobre interferências nocivas à lógica cristã vai além do que propõem os intelectuais religiosos. Entra no campo dos constantes monitoramentos de grupos secretos que, segundo alguns, são identificados como os iluminatis da igreja, os quais possuem conhecimento suficiente para identificar a presença de seres extraterrestres entre anjos e deuses. Ainda segundo essa corrente ufológica, os iluminatis sabiam muito bem o que estavam fazendo ao interferirem, por exemplo, nas investigações sobre as aparições da Virgem de Fátima, um fenômeno que, pelos relatos, desenhou nitidamente seu caráter ufológico, ocorrido em Portugal, séculos depois da morte de Maria. 

Isso demonstra a constante presença desse grupo e o grande poder de influência que possui na direção do Vaticano. Outro grupo, talvez ligado aos primeiros iluminatis, que na época do Concílio de Nicéia teria como função a escolha dos rumos que deveria seguir o cristianismo, discriminando o canônico do apócrifo, jamais pensaria que o seu filtro não seria tão seletivo, a ponto de passar apenas as escrituras que não gerassem interpretações dúbias, ridículas, ou perigosas ao credo, em outras instâncias do conhecimento histórico-religioso e científico. De fato, o intuito de esconder informações não surtiu o efeito desejado, uma vez que muitos dos livros canônicos também contêm confirmações sobre alguns fatos supostamente ligados à Ufologia. Devido ao grande número de textos e passagens da Bíblia canônica e da apócrifa, impossíveis de compilação numa revista, escolhemos apenas trechos de alguns desses livros, em distintas épocas, e retiramos deles os aspectos mais contundentes em relação à Ufologia [Veja box].


Enoque, Um Enviado

O primeiro versículo do relato atribuído a Enoque refere-se nitidamente à aparição de dois seres de enorme estatura, que realmente deveriam ser muito estranhos, tal foi o terror demonstrado pelo contactado ao notar as características físicas incomuns. Ante seu espanto, os seres informaram-lhe que dentro em pouco ele “subiria aos céus”, e que pelo tempo que deveria permanecer fora, teria que passar instruções à sua família sobre o que fazer durante sua ausência. Literalmente, Enoque seria abduzido por dois seres bem diferentes dos humanos que, conforme sua descrição, tinham faces resplandecentes, olhos como chama e uma voz que soava como um canto. Eles possuíam também algum tipo de instrumento nas costas, identificado por Enoque como “asas mais brilhantes que o ouro e as mãos mais brancas que a neve”. 

Essas criaturas podem ser enquadradas como seres humanóides do tipo 03, variação 03, conforme classificação de Jader Pereira, ou algo entre o tipo beta e o gama, segundo a classificação de Claudeir Covo. As asas douradas poderiam representar algum tipo de instrumento metálico localizado nas costas, talvez para função comunicativa, respiratória ou locomotiva. Esses dois seres que acompanhariam Enoque na maior parte da viagem, até seu retorno, são identificados como os anjos Samuil e Raguil. A jornada do abduzido deveria, no mínimo, chegar aos limites da Via Láctea e durar muitos anos para quem estivesse na Terra, uma vez que, assim como vários lugares, ou céus foram descritos e algumas estrelas além do Sol também parecem ter sido visitadas. 


De acordo com a Teoria da Relatividade de Einstein, para uma pessoa que viaje grandes distâncias a velocidades muito altas, o tempo passará mais vagarosamente em relação à outra que permaneça em repouso num ponto estacionário. No caso, quem permaneceria em repouso seria sua família, por isso as instruções durante um tempo que, à vista de Enoque [Em movimento], seria muito menor que o de sua família [Em repouso]. A jornada deve ter durado no mínimo 30 dias, tempo em que escreveu seus 366 livros, de acordo com o que coloca o 23º capítulo do apócrifo, e mais o período de observação dos céus. 
Entretanto, segundo a Bíblia, em Gênesis, capítulo 05, versículos 21 a 24, Enoque gerou Matusalém aos 65 anos e gerou outros filhos e filhas antes da viagem. Retornou, repassou tudo o que vira em mais 30 dias na Terra e partiu novamente aos céus, vivendo ao todo 365 anos terrestres. No entanto, no apócrifo, Enoque afirma que foram 165 anos de vida antes do nascimento de Matusalém, e não 65. Na menor das hipóteses, teria a viagem de Enoque durado mais ou menos 100 anos terrestres e, na maior, 200. Conforme cálculos baseados nos estudos de Einstein, uma viagem de ida e volta ao limite de nossa galáxia, a velocidades próximas à da luz, duraria quase 200 anos para quem estivesse no planeta, enquanto que, para o viajante, esse tempo quase pararia.

O terceiro capítulo do livro de Enoque, apesar de pequeno, com apenas um versículo, mostra claramente que ele foi levado ao lugar ao qual se refere como “primeiro céu”, através das asas dos anjos, e depois elevado às nuvens. O que nos parece com um verdadeiro traslado antigravitacional, causado provavelmente por alguma força que provinha do que estava nas costas dos dois seres, suas asas, levando-o do chão à nave. Essa, por sua vez, içou vôo em direção ao espaço, a exemplo do que ocorreu com Elias [II Reis, capítulo 02, versículo 11], levado por uma carruagem de fogo aos céus. 


Grande Mar

Durante o vôo, Enoque tem, acima, a visão do espaço sideral [Éter] e ao olhar o horizonte e abaixo, os seres mostram o que mais lhe parecia com um grande mar, “maior que o mar da Terra”. Enoque, neste momento, possivelmente teve a mesma impressão que Yuri Gagarin teve, em 1961, ao dar a primeira volta ao redor do planeta, na nave Vostok 1, quando exclamou a famosa frase: “A Terra é azul”. Para Enoque, pode ser que o grande horizonte azul do planeta, quando se chega às últimas camadas da atmosfera, lhe parecera o maior dos mares. Após alguns lances de admiração, o quarto e quinto capítulos descrevem como Enoque entrou em contato com outros seres que provavelmente ocupavam maiores postos na hierarquia divina, já que foram reconhecidos como “anciãos e os dirigentes das ordens estelares”, bem como seus subordinados. Deve-se considerar que, frente àquelas novidades, o contactado poderia muito bem confundir os locais que visitava, já que sua cultura não possuía palavras para expressar exatamente o que presenciava. O que ele entendia como céu, estrelas, planetas e cidades, poderiam ser veículos que transportavam a ele e aqueles exércitos de homens, provavelmente naves que compunham uma frota estelar, dada a riqueza de detalhes de sua descrição. Aqui percorremos o perigoso terreno das suposições, mas sabemos que sem ele a ciência não caminha.


“E então apareceram dois homens extraordinariamente grandes, como eu nunca vira antes na Terra. E eles disseram: ‘Tu deves subir aos céus conosco: Não demorei em obedecê-los. Mostraram-me 200 anjos que dirigiam as estrelas e suas fundações nos céus. Voavam com suas asas e pareciam que navegavam”. 

— Profeta Enoque, descrevendo uma abdução alienígena nos evangelhos apócrifos que escreveu, convenientemente excluídos da Bíblia

No primeiro céu, Enoque retrata aquilo que lhe parecia neve e os anjos que “mantêm seus terríveis depósitos”, talvez pela cor branca ou claridade que de lá emanava. Segundo descrições, seria um local onde anjos controlavam uma “tesouraria” e de onde partiam “nuvens” para vários locais. Analisando-se essas palavras sob o ponto de vista da tradução ao pé da letra, vamos ver que tesouraria, neste caso, refere-se a um local cheio de tesouros, com uma forte iluminação interna. Isso nos induz a comparações bem interessantes com cabines de aviões ou torres de controle de aeroportos. 

Como um habitante da Antigüidade interpretaria o conjunto de luzes coloridas, botões, alavancas, painéis, gráficos luminosos, telas de radar ou de computadores e toda espécie de equipamento para navegação aérea e espacial, dentro de uma cabine de avião ou numa sala de controle da NASA, por exemplo? Naquela época, tesouraria seria uma boa forma de comparação. Quanto às nuvens dirigidas e seus terríveis depósitos? O que seriam? Certamente, não se tratava de vapor d’água armado. Seriam astronautas militares os anjos diretores de estrelas que voavam em suas asas, navegavam e possuíam suas funções no céu?

Nos capítulos 11 e 12, o viajante visita e identifica o que nos parece ser a rota da Terra, no Sistema Solar, ou pelo menos segue a órbita de um planeta com vida, em torno de uma estrela. Acompanhado de vários aparelhos voadores alados, Enoque nomeia dois principais: Fênix, o mitológico pássaro grego que era único, não se reproduzia e ressurgia de suas próprias cinzas, e Chalkydri, termo que parece vir da união de duas palavras do sânscrito, Chakchur [O olho do mundo ou Sol] e Kîrti [Luz, esplendor]. Ambas possuíam pés em formas que lembravam a cauda de um leão, corpo cônico achatado e com formato de cabeça de crocodilo, com grandes dimensões. Qualquer semelhança entre essas e um ônibus espacial Discovery, flutuando por meio de jatos estabilizadores, como várias asas laterais, sapatas de aterrissagem dotadas de sistema propulsor, bem como na parte traseira da nave, que podem lembrar caudas de leão, seria coincidência? 


Armas Terríveis

O relato esquenta quando, nos versículos 07, 10 e 18, Enoque relata o que lhe parecia o inferno. Nos dois primeiros, ele apenas identifica os seres sofredores, vigiados por anjos de pele escura, que descreve como “impiedosos que portavam armas terríveis”, mas no versículo 18 observa e fala aos soldados chamados “grigori”, seres com aparência humana que “eram maiores que os maiores gigantes”. Estes possuíam rostos sem viços e bocas que apresentavam “silêncio perpétuo”. Segundo um dos seres que acompanhavam Enoque em sua jornada, os grigori, ao que parece, são parentes dos gigantes que visitaram e fecundaram mulheres terrenas, conforme relato bíblico no Gênesis, capítulo 06, versículos 01 a 04, em passado remoto, dando origem a homens que impressionavam pela altura e pelas inimizades. 

Neste versículo, percebe-se uma grande semelhança entre os fatos do Gênesis e os relatos de mulheres abduzidas da época contemporânea, submetidas a processos de fecundação após o rapto, geralmente praticados por seres alfa cinzentos, os famosos grays. Seriam os tais anjos escuros? Alguns deles chegavam a atingir grandes estaturas. Será que o termo grigori, pronunciado naquela época para identificar esses humanóides, tem alguma correlação com a identificação gray adotada atualmente? Tanto uns quanto os outros, excetuando-se alguns casos, são mencionados com envolvimento no lado mau da história de Enoque e nos raptos acompanhados de experiências reprodutivas, os quais atualmente deixam sérias conseqüências psicológicas. 

“Os seres mostraram a Enoque um grande mar, ‘maior que o mar da Terra’. O profeta teve, possivelmente, a mesma impressão que Yuri Gagarin, em 1961, ao dar a primeira volta ao redor do planeta, quando exclamou: ‘A Terra é azul’

Finalizando, Enoque escreveu 366 livros resumindo tudo o que lera nos chamados “livros do Senhor”, e retornou à Terra. Mas não sem antes passar por uma experiência comum em relatos de abdução. No dito “décimo céu”, citado no 22º capítulo de seu livro, ele identifica a face do Senhor como “...ferro que arde em fogo e que, ao sair, emite faíscas e queima”. Seguindo as ordens do mesmo Senhor, um outro anjo chamado Micael ungiu Enoque com uma substância e o vestiu com uma roupa luminescente que o fez assemelhar-se aos seres, e dotou-o com uma “pena de escrita rápida”, mostrando-lhe vários livros para escolha de alguns a serem copiados. Enoque gastou 30 dias e 30 noites para concluir sua tarefa. Retornou à Terra, passou tudo a seus filhos em mais 30 dias e partiu novamente, em definitivo, aos céus. Em alguns casos de abduções investigados por psicólogos, os abduzidos atuais relatam, sob hipnose, ter passado por experiências semelhantes à dele, quando foram untados, submetidos a intervenções médicas e, em muitos casos, receberam informações sobre a vida na Terra e em outros planetas.


A Gravidez de Maria

Sabe-se que Ana e Joaquim não podiam ter filhos. Afinal, ao que tudo indica, Ana era estéril, mas mesmo assim Maria nasceu. Seria um milagre da divina providência ou o anjo que apareceu a operou e proporcionou-lhe a fecundidade? Segundo posições religiosas, isso não deve ser discutido, pois a Deus tudo é possível. Entretanto, a ciência não vê os fatos dessa forma e, a menos que questionemos a veracidade dos vários Evangelhos, devemos seguir em frente. Sem nos deter, prosseguindo o ingrato caminho do cientificismo, se tomarmos como premissa que um ser especial como Jesus deveria possuir características genéticas especialíssimas para se tornar um Homem-Deus, devemos considerar também que não só o seu Pai Celestial, mas também sua mãe terrena, deveriam ser especiais.
Hoje em dia, verificamos em publicações médicas e na própria mídia a possibilidade de operações cirúrgicas que utilizam computadores ligados às câmeras, bisturis a laser e cauterizadores de alta tecnologia e precisão. Incluem-se aí procedimentos como fecundação artificial in vitro, neurocirurgias, cateterismos etc. Algumas operações dessas são, inclusive, executadas por médicos que estão a milhares de quilômetros do paciente, através de câmeras e vídeos remotos [Videoconferência], ligados via satélite. Assim é possível controlar os movimentos cirúrgicos dos aparelhos executores, enquanto que, no local da operação, estão presentes apenas alguns médicos assistentes e enfermeiros, além do paciente anestesiado. 


Entretanto, isso seria fruto de uma imaginação lunática de autores de ficção científica, se transposto para a época de nascimento de Maria e de Jesus. A não ser que consideremos a possibilidade de que a Terra seja visitada por seres de outros orbes celestes há milênios, como afirmam grandes ufólogos. O filme Intruders [1992], baseado na obra de Budd Hopkins, expressa com muita propriedade as cirurgias de implantes e fecundações ocorridas em naves alienígenas, sofridas por abduzidos investigados pelo autor via hipnose. Chegamos a ponto de existirem cirurgiões especializados na retirada de chips implantados nas vítimas, como é o caso do norte-americano doutor Roger Leir [Autor do livro Implantes Alienígenas, Somos Cobaias de ETs?]. Neste caso, é possível até a afirmação de que a tecnologia acima citada é obsoleta, se comparada à capacidade tecnológica que teriam esses seres superiores de viajar pelas infinitas galáxias do universo.


Proscritos da Bíblia

Supondo a possibilidade dessa teoria, levantamos uma séria dúvida sobre quem teria fecundado Ana, se Joaquim encontrava-se longe de casa. No Evangelho de Tiago, parte integrante do livro Apócrifo, Os Proscritos da Bíblia, já mencionado, percebemos que “...Joaquim ficou muito atormentado e não procurou sua mulher, e se retirou para o deserto. Ali armou sua tenda e jejuou por 40 dias e 40 noites”. Some-se a isso o fato de que teriam andado 30 dias consecutivos na viagem de retorno, totalizando mais de dois meses fora de casa. Teria também Joaquim tido um contato de 4º grau, já que o anjo de Deus apareceu-lhe rodeado de um imenso esplendor, conversou e após isso se elevou aos céus em meio à fumaça? O que teria causado tamanho choque a um homem como Joaquim, que o teria deixado prostrado ao chão durante horas, levando também grande dificuldade aos seus servos para levantá-lo? 

O que queria o anjo dizer com a frase “Minha comida é invisível e minha bebida não pode ser captada por olhos humanos”, quando estes itens foram oferecidas por Joaquim? Parece que esse mesmo anjo também apareceu para Mateus e Tiago, pois os apócrifos de ambos, de forma semelhante, ditam a mesma história. As semelhanças continuam durante os relatos sobre os primeiros anos da vida de Maria no templo, quando ela era vista freqüentemente sendo assistida e alimentada por anjos, enquanto que os alimentos que a ela eram oferecidos pelos sacerdotes “eram divididos com os mais pobres”. Que tipo de alimentação especial só Maria deveria ingerir? Seria essa a mesma razão que levou o anjo a rejeitar o alimento que lhe fora oferecido por Joaquim? O que quis Mateus dizer quando se referia à face resplandecente como “a neve de Maria”, e por isto “apenas se podia olhá-la com dificuldade?” A característica luminosa de Maria parece ser uma constante entre os anjos bíblicos, assim como em casos de avistamentos contemporâneos de tripulantes de UFOs. Estas, assim como outras questões, compõem o campo ufológico, e dele não devemos abrir mão.

Como não estamos discutindo a questão religiosa, mas sim a científica, as afirmações contidas nesses textos nos remetem à nublada região das suposições sem base concreta de afirmação, uma vez que elas provêm de interpretações teológicas. Entretanto, da mesma forma, elas nos revestem com a dúvida da simples e veemente negação cética, posto que o grande número de relatos semelhantes, com referência a uma mesma ocorrência, nos conduz à afirmação de que a história realmente tenha sido dessa forma. Neste caso, a abordagem científica nos faz navegar numa relativa margem de suposições factuais que, guardadas as devidas proporções interpretativas, podem ser comparadas com as ocorrências ufológicas da atualidade.


Estranhos Enviados

Até hoje, em alguns meios científicos, questiona-se a real existência, num passado remoto, de avatares e ícones religiosos como Krishna, Sidarta Gautama [Buda], Maomé, Moisés e Jesus Cristo. Em outros meios, não se questionam suas existências, mas seus feitos extraordinários, fora dos padrões humanos, com reflexos tanto em pessoas quanto em fenômenos da natureza. Na Ufologia esses questionamentos também não passam despercebidos. Muitos são os ufólogos que, na falta de uma base científica palpável, cartesiana, erguida em pilares conceitualmente aceitáveis nos meios acadêmicos, preferem deixar o assunto à margem de discussões, aguardando mais provas. Mas não sem antes tecerem seus comentários, alguns até pejorativos, o que causa desavenças metodológicas entre esses estudiosos. Uma vez que a história, como uma ciência, inclui em suas várias áreas de estudo um espaço destinado a muitos desses seres tidos como anormais, assim como a filosofia, a teologia e outras disciplinas, a fuga destas abordagens e a espera por novas provas nos parece sem sentido. 
Já alguns ramos da psicologia, por sua vez, discorrem sobre o perigo do efeito produzido por impactos populares conseguidos por meio de técnicas de oratória, como a programação neurolingüística, bem utilizada em doutrinamento religioso, manutenção e controle sobre a mente humana pelo convencimento em massa, fazendo com que determinadas pessoas se sobressaiam ante a maioria. Neste caso, grandes verdades do presente podem muito bem ter sido baseadas em mentiras ainda maiores no passado, talentosamente inseridas num longo contexto. Por conta disso, aos mais ousados ficam os louros da descoberta ou o ônus do fracasso.

Seguindo o nosso assunto nesta tênue corda bamba entre os crentes e os descrentes da história bíblica, surge aquela velha dúvida sobre o nascimento de Jesus, bem como sobre os estranhos fatos ocorridos no período inicial e durante toda sua vida. Como aqui resolvemos analisar o assunto a partir dos Evangelhos, basearemos esses argumentos na afirmativa de que, pelo menos em parte, esses escritos dizem a verdade. Não bastasse a já discutida influência desses anjos na vida de Ana, Joaquim e Maria, além de diversos outros personagens do cristianismo, dando continuidade desse projeto divino surgem a fecundação de Maria e o surpreendente nascimento de Jesus.

Com Ana ainda paira a dúvida se esta foi fecundada por Joaquim ou pelo anjo. Contudo, com Maria esta tarefa coube ao Espírito Santo, como cita a Bíblia nos quatro Evangelhos canônicos, causando grandes transtornos a José. Não é, portanto, necessário tecermos mais comentários e novas conclusões sobre o que realmente ocorrera neste caso. O que mais nos interessa é a conclusão de todo aquele processo, que teve início com a retirada dos judeus do Egito, guiados pelo não menos suspeito Moisés e seus companheiros divinos, que dirigiam nuvens luminosas, fulminavam os inimigos, falavam do alto das montanhas, abriam mares e faziam chover comida no deserto, tendo seu desfecho com a crucificação de Jesus, 400 anos depois da chegada daquele povo à prometida Nova Canaã.



Estrela de Belém

Comecemos pelo surgimento da intrigante Estrela de Belém. Teorizando sobre o que seria essa estrela, vamos, através de método exclusivo da disciplina, verificar as possibilidades meteorológicas envolvidas no fenômeno. Em primeiro lugar, sabemos que nenhum tipo de estrela, por menor que fosse, chegaria tão perto da Terra, a ponto de indicar um local específico e parando sobre este. Numa suposição absurda dessas, o planeta seria completamente torrado e nem o Filho de Deus sobraria para contar a história. Tampouco sabemos que asteróide luminoso algum execute movimentos tais, que seriam capazes de guiar pessoas a um determinado local e depois levá-las de volta à sua origem, por outro caminho, fazendo com que, no caso, os reis magos seguissem a sua luz até que estivessem de volta à sua pátria, como descrevem o Evangelho de Tiago e o Evangelho Árabe da Infância [Parte integrante do já mencionado livro Apócrifo, Os Proscritos da Bíblia]. 

Segundo o ufólogo Roberto Affonso Beck, reconhecidamente um dos maiores caçadores de sondas ufológicas do Brasil, estes objetos de pequenas dimensões e das mais variadas formas, muito mais comuns que naves tripuladas, são provavelmente uma espécie de artefato alienígena voador proveniente de veículos maiores. Desempenham diversas funções junto à superfície do planeta ou a pessoas, tais como prospecção mineral, análise de solo, colheita de material biológico, espionagem, rastreamento de áreas, reconhecimento de regiões. Enfim, funções práticas e discretas que não podem ser executadas por grandes naves, pois chamariam muita atenção. 

Textualmente, afirma o ufólogo que outros tipos de sondas costumam atacar pessoas, notadamente na região Nordeste do Brasil, onde são conhecidas como Chupa-Chupa ou simplesmente Chupa, retirando deles sangue, a exemplo do que ocorreu no norte do Pará, motivando a famosa Operação Prato, comandada pelo coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Uyrangê Hollanda, em 1977. Algumas são pequenas, comparadas a bolas de gude. Adentram residências, atravessam paredes e andam pelo interior das casas como se estivessem bisbilhotando nossas vidas. Vários são os relatos em que sondas são observadas executando diversos tipos de movimentos. Tudo indica que estamos sendo monitorados por meio de tecnologia que foge aos padrões terrestres conhecidos.

Vendo por esse lado, é possível supor que a Estrela de Belém nada mais seria que uma sonda de orientação, incumbida exclusivamente de guiar os reis magos ao local de nascimento de Jesus. Depois, deveriam levar os portadores da notícia para o Oriente, sem que estes encontrassem Herodes. Mas outro intrigante fato é revelado por Tiago: durante o parto, quando José sai em busca de uma parteira, percebe que o tempo e os movimentos tornam-se estáticos, por conseqüência de um estranho estremecimento do ar. As pessoas, os pássaros, os animais estavam todos estáticos, como se uma força invisível os estivesse paralisando. Ao retornar, o pai depara-se com a gruta sombreada por uma nuvem luminosa, que, ao se afastar, deixa uma luz irresistível no interior da gruta. Essa, pouco a pouco se desfaz e revela o menino Jesus.


Lembramos aos leitores que Jesus não é o primeiro bebê a ser considerado diferente logo ao nascer, quanto a sua resplandecência luminosa em comparação com a de outras crianças da Bíblia. Além de Maria, Noé, que também vivia recebendo mensagens angelicais, inclusive um projeto para construção da famosa Arca, por exemplo, ao nascer era completamente diferente das crianças da época. Lamec, pai de Noé, descreve no capítulo 104 do apócrifo livro de Enoque, que foi em busca do seu pai, Matusalém, filho de Enoque e avô de Noé, para descobrir o que ocorrera com seu filho, pois este não se parecia em nada com as outras crianças. Sua pele era extremamente branca, como também seus cabelos. Seus olhos apresentavam um brilho incomum. 

Outra Espécie de Ser

Em suas observações, o desconfiado Lamec laconicamente diz a Matusalém que Noé “com certeza não é de nossa espécie”, tamanha era sua diferença. Isso só vem confirmar as características especiais dessa família patriarca antediluviana, descendente direta de Adão, principalmente no que se refere a longevidade. Qual a constituição celular desses homens? A Bíblia, em Gênesis, capítulo 05, versículo 01, afirma que Adão, Set, Enos, Cainã, Malael, Jared, Matusalém, Lamec e, finalmente, Noé, viveram por quase mil anos cada um, à exceção de Enoque, que viveu 365 anos antes que “Deus o arrebatasse”. 
Conclusões Não Convencionais

Mediante essas análises, surge uma velha pergunta que muitos tentam evitar, por ser demasiadamente perigosa, rechaçada entre religiosos, impensável em alguns meios e, às vezes, tachada como absurda, mas que já foi feita por muitos estudiosos: Jesus foi um ser extraterrestre? Não é de hoje que se cogita como uma possibilidade viável nos meios ufológicos as ligações entre Jesus e uma civilização extremamente desenvolvida tecnológica e espiritualmente, para nossos padrões, que certamente não é originária do nosso planeta. Desde que, é claro, o que esteja na Bíblia realmente tenha ocorrido.

Atualmente é mais viável para a comunidade científica, diante da infinidade de provas recolhidas nos últimos anos, entre documentos oficiais, filmes, relatos, artefatos, pinturas e desenhos arqueológicos, acreditar em naves tripuladas por seres de origem desconhecida do que continuar acreditando em anjos, querubins, serafins, nuvens luminosas, carruagens de fogo, baleias que engolem e cospem homens na praia e todos os outros tipos de referência bíblica a fatos nitidamente anormais. Devemos deixar claro que as formas descritivas e dissertativas contidas no livro sagrado dos cristãos não representam necessariamente erros ou exageros interpretativos dos fatos, como querem os exegetas do Vaticano. Nem tampouco pensar que esses anjos provenientes da glória do Senhor não tenham realmente existido, caso contrário não estariam lá representados. O problema está basicamente no ponto de vista do observador, que, despido de preconceitos historicamente enraizados no conhecimento humano e da visão de pessoas que não tinham, à época, nenhum conhecimento de artefatos tecnologicamente avançados, acabará por analisar a questão de outra forma.

Apesar das constantes afirmações do Salvador de que seu reino não era deste mundo e que na casa de seu Pai existiam várias moradas, nunca se contestou a divindade de sua alma, assim como a origem terrena de sua carne. Logicamente, nem Maria nem Jesus foram seres extraterrestres em sua passagem carnal pela Terra, pois, segundo a Bíblia, nasceram de mães supostamente humanas e neste planeta. Mas quanto as suas constituições genéticas não podemos afirmar o mesmo. Levando-se em consideração os pressupostos da genética de Mendel – que foi um padre –, podemos levantar três possibilidades básicas, com pequenas variações e subdivisões entre elas, para a composição genealógica de Jesus e de Maria, embora nenhuma das três conclua que essa composição, pelo menos no caso de Cristo, seja totalmente de origem terrestre. Vejamos:

- Na primeira suposição que apresentamos, consideremos a difícil possibilidade de que Joaquim tenha fecundado Ana antes de partir para o pastoreio, e não o anjo do Senhor, que avisou ambos sobre a gravidez. Aqui, o anjo apenas teve participação na cura da infertilidade de Ana. Então, neste caso, Maria teve sua composição genética totalmente humana. O óvulo de Maria, por sua vez, foi inseminado artificialmente pela ação do Espírito Santo com o sêmen divino. Logo, Jesus possuiu 50% de sua constituição proveniente de Deus e os outros 50% dos genes humanos terrestres, provenientes de Maria.

- Na segunda suposição, vamos considerar que a avó de Jesus tenha sido operada e inseminada artificialmente pelo anjo do Senhor. Maria seria neste caso 50% divina. Da mesma forma, com Maria inseminada artificialmente, Jesus possuiria então 75% de sua constituição divina, e os 25% restantes humanos, provenientes de Ana, a Ele passados por Maria.

- Numa terceira suposição, tanto Ana como Maria serviram apenas como meio de cultura biológica, em termos médicos, ou mãe de aluguel, em termos vulgares, para os embriões nelas inseridos pelo anjo e pelo Espírito Santo, respectivamente. Assim, tanto Maria como Jesus teriam 100% de sua constituição genética com origem em pais biológicos divinos. Ainda nesse terceiro caso devemos levar em conta também a possibilidade de um dos dois, ou ambos, terem sido clonados, resultando também numa constituição genética totalmente desconhecida.

Absurdo? Dentro do encadeamento de suposições baseadas em provas documentais, não. Desde a Idade Média são encontradas pinturas, algumas encomendadas pelas igrejas, provavelmente baseadas em relatos ou documentos mais antigos ainda, que descrevem cenas bíblicas mostrando a presença de estranhos objetos voadores não identificados e os famosos discos voadores [Veja box]. Os artefatos aparecem principalmente quando essas pinturas se referem a momentos da vida de Maria e de Jesus, mostrando que, além da Bíblia e dos livros que compõem os Evangelhos apócrifos, a arqueologia e a arte também servem como provas cabais da íntima relação entre os dois principais personagens do cristianismo e os UFOs. Portanto, concluímos que a visão do Evangelho segundo a Ufologia não está muito longe da verdade. E talvez estejamos mais perto dela do que imaginamos.

A abdução do profeta Enoque 

A origem do apócrifo Livro de Enoque remonta ao século I d.C., atribuído a um judeu helenizado de Alexandria. Considerado um dos mais relevantes à pesquisa ufológica, devido à sua constituição e perfeição na descrição dos fatos, é tido também como uma ferramenta fundamental no entendimento de algumas passagens obscuras dos evangelhos canônicos, sua influência sobre os escritores do Novo Testamento é incontestável. Mostraremos a seguir alguns dos muitos trechos da obra que são relevantes ao estudo ufológico, apenas minimamente editados para melhor compreensão e apresentação:

[Capítulo I, versículo 01] Havia um sábio, um grande artífice, e o Senhor dedicou-lhe seu amor e o recebeu, a ponto de fazê-lo testemunhar as mais altas moradas dos maiores e mais sábios imutáveis reinos do Todo-Poderoso. As mais maravilhosas, gloriosas e brilhantes estações de muitos olhos dos servidores do Senhor, e o inacessível trono do Senhor. E os graus de manifestações e hostes incorpóreas, o inefável ministério e a multitude dos elementos, as várias aparições e o canto indizível das hostes dos Querubins, e a luz infinita.

[Versículo 02] Naquele tempo, quando completei 165 anos, gerei meu filho Matusalém. [03] Depois disso, vivi 200 anos e, ao todo, minha vida foi de 365 anos. [04] No primeiro dia do primeiro mês, estava eu sozinho em minha casa descansando no meu leito, quando adormeci. [05] E quando estava adormecido, uma grande tristeza tomou conta de meu coração. Chorei durante o sono e não podia entender que tristeza era aquela, ou o que iria acontecer-me. [06] E então apareceram dois homens, extraordinariamente grandes, como eu nunca vira antes na Terra. Suas faces resplandeciam como o Sol, seus olhos eram como uma chama e de seus lábios saía um canto e um fogo, variados, de cor violeta na aparência. Suas asas eram mais brilhantes que o ouro, suas mãos, mais brancas que a neve.

[Versículo 07] Eles estavam em pé, na cabeceira de meu leito, e puseram-se me chamar pelo nome. [08] Acordei e vi claramente aqueles dois homens, de pé, na minha frente. [09] Saudei-os e fui tomado de medo. Meu semblante transformou-se pelo terror, e os homens disseram: [10] “Tem coragem, Enoque, não temas. O Deus eterno nos mandou a ti e, vê! Tu hoje deverás subir aos céus conosco, e deverás dizer a teus filhos e aos da tua família tudo o que deverão fazer na casa durante tua ausência na Terra. Não os deixes procurar-te até que o Senhor te devolva a eles”. [11] E não me demorei em obedecê-los. Saí de minha casa, como me foi ordenado, chamei meus filhos Matusalém, Regim e Gaidad, e contei-lhe todas as maravilhas que me haviam dito aqueles homens.

Primeiro Céu

[Capítulo III, versículo único] Aconteceu que, depois de Enoque ter falado com os filhos, os anjos o levaram em suas asas ao primeiro céu e o puseram nas nuvens. “E aí eu olhei, e olhei outra vez mais para o alto e vi o éter. Eles me puseram no primeiro céu e me mostraram um grande mar, maior que o mar da Terra”. [Capítulo IV, versículo único] Trouxeram até mim os anciãos e os dirigentes das ordens estelares, e mostraram-me 200 anjos que dirigiam as estrelas e suas funções nos céus. Voaram com suas asas e apareceram todos que navegam.

[Capítulo V, versículo único] E aí eu olhei para baixo e via as tesourarias da neve, e os anjos que mantêm seus terríveis depósitos. Vi as nuvens que dali saem e para onde vão elas... [Capítulo VI, versículo único] Eles me mostraram a tesouraria do orvalho, tal qual azeite de oliva, e sua forma, assim como todas as flores da terra. Além disso, os muitos anjos que guardavam a tesouraria dessas coisas, e como fazem para abrir e fechar. [Capítulo VII, versículo único] E aqueles homens me tomaram e me conduziram ao segundo céu, e me mostraram as trevas, mais escuras que as da Terra. Eu vi prisioneiros atados, vigiados, que aguardavam o grande e infinito julgamento, e esses anjos eram escuros, mais escuros que a escuridão da terra. Os faziam chorar incessantemente, o tempo todo... 


Rio de Fogo 

[Capítulo X, versículo único] Aqueles dois homens me tomaram e me conduziram ao norte, e me mostraram um lugar terrível onde havia todas as maneiras de torturas, trevas e escuridão sufocantes. Nenhuma luz havia lá, mas um fogo escuro constantemente ardia no alto. E havia um rio de fogo que corria, e por todo o lugar havia fogo. Por todo lugar havia geada e gelo, sede e tremores, enquanto que as penas eram muito cruéis. Os anjos temíveis e impiedosos portavam armas terríveis e infligiram torturas tenebrosas.

[Capítulo XI, versículo 01] Aqueles homens me tomaram, conduziram-me ao quarto céu e me mostraram os sucessivos acontecimentos e todos os raios da luz do Sol e da Lua. [02] Eu medi seus movimentos e comparei suas luzes, e vi que a do Sol é maior que a da Lua. [03] Seu ciclo e suas órbitas, nos quais eles sempre se movimentam, como um vento de uma velocidade maravilhosa, e o dia e a noite têm um rápido trânsito. [04] Sua passagem e seu retorno são acompanhados por quatro grandes estrelas e quatro à esquerda. Cada estrela tem sob seu controle mil outras estrelas, ao todo oito mil, seguindo continuamente o Sol. [05] De dia, 15 miríades de anjos o assistem e à noite, mil. [06] Seis alados seguem diante da órbita do Sol em suas chamas flamejantes, e cem anjos acendem o Sol.

[Capítulo XII, versículo único] Olhei e vi outros elementos voadores do Sol, cujos nomes são Fênix e Chalkydri, maravilhosos e magníficos, com pés e caudas na forma de leão, cabeça de crocodilo. Sua aparência escarlate é como o arco-íris, seu tamanho é de novecentas medidas, suas asas são como as dos anjos, cada um tem doze. Atendem e acompanham o Sol dando calor e orvalho tal como lhes foi ordenado por Deus... [Capítulo XV, versículo único] Então os elementos do Sol, chamados Fênix e Chalkydri, irromperam em uma canção. Conseqüentemente, cada pássaro bateu suas asas.


Gigantes Terríveis

[Capítulo XVII, versículo único] No meio dos céus eu vi soldados armados, servindo ao Senhor, com tímpanos e órgãos, com vozes incessantes, doces vozes, doces e incessantes vozes e vários cânticos, que são impossíveis de descrever. Que assombram qualquer inteligência, de tão magnífico e maravilhoso que é o cântico daqueles anjos, e eu estava encantado ouvindo-o. [Capítulo XVIII, versículo 01] Os homens levaram-me ao quinto céu e lá me puseram. Vi muitos e incontáveis soldados, chamados Grigori, de aparência humana. Eram maiores que os maiores gigantes, suas faces eram sem viço e, o silêncio de suas bocas, perpétuo. Não havia qualquer serviço no quinto céu, e eu disse aos homens que estavam comigo: [02] “Por que eles são tão sem viço e suas faces melancólicas, suas bocas silenciosas? E por que não há serviço neste céu?”

[Versículo 03] Eles me disseram: “Estes são os Grigori, que com seu príncipe Satanail rejeitaram o Senhor da Luz. E atrás deles estão os que são mantidos nas grandes trevas do segundo céu. Três deles foram à Terra vindos do trono do Senhor, para o Ermon, e quebraram seus votos nas encostas da colina do Ermon. E viram como eram bonitas as filhas dos homens e tomaram-nas por esposas. Sujaram o mundo com suas obras e durante todo o tempo de sua estrada cometeram ilegalidade e promiscuidade. E nasceram gigantes e impressionantes homens grandes e grandes inimizades”.
[Versículo 04] E por isso Deus julgou-os com um grande julgamento. Eles choraram por seus irmãos e serão punidos no grande dia do Senhor. E eu disse aos Grigori: “Eu vi vossos irmãos, suas obras e seus grandes tormentos, e rezei por eles. Mas o Senhor condenou-os a estar embaixo da Terra até o céu e a terra se acabarem”.


[Capítulo XIX, versículo 01] E então, aqueles homens tomaram-me e me puseram no sexto céu, e lá vi sete grupos de anjos, muito brilhantes e gloriosos. Suas faces brilhavam mais que o Sol resplandecendo, e não havia diferenças em suas faces, comportamento ou maneira de vestir-se. Eles fazem as ordens e aprendem o movimento das estrelas, a alteração da Lua, a revolução do Sol e o bom governo do mundo.


Frutos da Terra

[Versículo 02] E quando eles vêem coisas ruins, fazem os mandamentos e dão instruções e cânticos doces e altos, e todos são cânticos de louvor. [03] Esses são os arcanjos, que estão acima dos anjos, e eles avaliam toda a vida no céu e na Terra. Os anjos que estão designados para as estações do ano, os anjos que cuidam dos rios e dos mares e os que cuidam dos frutos da terra. Há os que cuidam de toda a vegetação, dando comida para todos, e os anjos que anotam todas as almas dos homens, todos os seus feitos e todas as suas vidas diante da face do Senhor. Em meio deles estão seis Fênix e seis querubins com seis asas, continuamente com uma voz cantante. Não é possível descrever seus cânticos e seu júbilo diante do Senhor, aos pés Dele.
[Capítulo XX, versículo 01] Aqueles dois homens levaram-me até o sétimo céu, e lá vi uma grande luz e as flamejantes hostes dos grandes arcanjos, milícias incorpóreas e dominações, ordens e governos, querubins e serafins, tronos e alguns de muitos olhos. Vi nove regimentos, as estações de luz Ioanitas e tive medo. Comecei a tremer com grande terror, e aqueles homens tomaram-me e me conduziram e me disseram: [02] “Tem coragem, Enoque, não temas”. E mostraram-me o Senhor ao longe, sentado em seu trono muito alto. Pois o que haverá no décimo céu, se o Senhor aqui habita?

[Capítulo XXII, versículo 01] No décimo céu, Aravoth, vi como era a face do Senhor, como o ferro que arde no fogo que, ao sair, emite faíscas e queima. [08] E o Senhor disse a Micael: “Vai e despoja Enoque de suas vestes terrestres e unge-o com meu doce bálsamo, e veste-o com os vestidos de minha glória”. [09] E Micael assim o fez, tal qual o Senhor lhe ordenara. Ele me ungiu, vestiu-me, e o aspecto daquele bálsamo é mais que a grande luz. É como o doce orvalho e seu perfume, suave e brilhante como um raio de Sol. Olhei para mim mesmo e estava como um raio de Sol, estava como seus gloriosos.

[Versículo 10] E o senhor convocou um de seus arcanjos, chamado Pravuil, mais forte em sabedoria do que qualquer outro arcanjo, que escrevera todas as obras do Senhor. E o Senhor disse a Pravuil: [11] “Traz aqueles livros de meus depósitos e uma pena de escrita rápida, e dá-os a Enoque e incube-o da escolha dos livros”. [Capítulo XXIII, versículo 02] E Pravuil disse-me: “Todas as coisas que te disse, temo-las por escrito. Senta-te e relaciona todas as almas da humanidade, ainda que muitas delas já tenham nascido, e os lugares preparados para elas na eternidade. Pois que todas as almas são preparadas para a eternidade, antes mesmo da formação do mundo”. [03] E tudo se repetiu por 30 dias e 30 noites, e eu escrevi todas as coisas com exatidão. Escrevi 366 livros.

Nota do Autor:
Dos capítulos 24 a 33, Enoque cita o conteúdo dos livros que lhes foram passados, relatando a criação do mundo nos seis dias, conforme reza a cartilha bíblica. Em seguida, Deus incube a Samuil e Raguil, os dois seres que levaram Enoque à sua presença, para o levarem de volta com os livros. Após a entrega das obras e sua divulgação ao povo da Terra, Enoque parte, dessa vez definitivamente, novamente elevado aos céus.

Apócrifos revelam uma nova Maria 

São vários os livros apócrifos que falam sobre o período anterior e posterior ao nascimento de Maria, mãe de Jesus. Resolvemos expor aqui trechos daqueles que mais estão relacionados aos fatos ufológicos. Contudo, todos, de uma forma ou outra, acabam levando a conclusões semelhantes. Dos chamados Livros da Natividade de Maria, em compilação feita pela Editora Mercuryo, o apócrifo que mais chama a atenção sobre a gravidez de Ana, mãe de Maria, é atribuído a Jerônimo, do século IX. Visando o enriquecimento da narrativa, foram anexados trechos dos Evangelhos de Mateus, do século I, e de Tiago, descoberto no século XVI. Todos os capítulos estão identificados com o nome de cada um de seus supostos autores. Tais Evangelhos foram editamos o mínimo possível, para melhor compreensão e clareza:

[Jerônimo I, versículo 01] A bem-aventurada e sempre gloriosa Virgem Maria descendia de uma estirpe régia e pertencia à família de David. Nasceu em Nazaré e foi educada no templo do Senhor na cidade de Jerusalém. O pai chamava-se Joaquim e a mãe Ana. [03] Mas esses esposos tão queridos por Deus e tão piedosos para com o próximo tinham 20 anos de vida conjugal em casto matrimônio, sem descendência. Tinham feito um voto que se Deus lhes concedesse um rebento, consagrariam-no ao serviço divino. Por este motivo, durante os dias festivos do ano, iam ao templo de Deus. 

[Jerônimo II, versículo 01] A festa da Dedicação no templo aproximava-se e Joaquim dirigiu-se a Jerusalém em companhia de alguns patrícios. Naquele tempo era sumo sacerdote Isacar que, ao vê-lo entre seus concidadãos, menosprezou-o e rejeitou seus presentes, perguntando-lhe como se atrevia a comparecer entre os prolíferos já que era estéril. Disse-lhe ainda que suas oferendas não seriam aceitas por Deus, pois este o considerava indigno da posteridade e clamou pelo testemunho das escrituras, que declarava maldito quem não gerasse um varão em Israel. 

[Versículo 02] Joaquim ficou morto de vergonha ante tamanha injúria e se retirou aos seus campos, onde se encontravam os pastores e rebanhos, sem querer voltar para casa para não se expor ao desprezo dos companheiros que tinham presenciado a cena e ouvido o que Isacar lhe dissera. [Tiago I, versículo 01] Joaquim ficou muito atormentado e não procurou sua mulher, retirando-se para o deserto. Ali armou sua tenda e jejuou por 40 dias e 40 noites, dizendo a si mesmo: “Não sairei daqui para minha casa, nem sequer para comer ou beber, até que não me visite o Senhor meu Deus. Que minhas preces me sirvam de comida e de bebida”.

[Jerônimo III, versículo 01] Já fazia algum tempo que se encontrava naquele lugar, quando um dia em que estava sozinho, apareceu-lhe um anjo do Senhor, rodeado de grande esplendor. Ficou atemorizado ante a visão, mas o anjo da aparição livrou-o do temor dizendo: “Joaquim, não tenhas medo e nem te assustes comigo. Sou um anjo do Senhor. Ele me enviou para anunciar-te que tuas preces foram ouvidas. Teve por bem olhar para tua confusão depois que chegou a Seus ouvidos a infâmia de esterilidade da qual injustamente te acusam”. 

Filho do Altíssimo

[Versículo 03] “Saiba então que Ana, tua mulher, vai dar a luz uma menina, a que colocarás o nome de Maria e que viverá consagrada a Deus desde sua infância em consonância com o voto que fizestes. E já desde o ventre da mãe estará plena do Espírito Santo. Não comerá nem beberá nada impuro e nem passará sua vida entre o bulício da plebe, mas no recolhimento do templo do Senhor, para que ninguém possa chegar a suspeitar e nem falar algo desfavorável a ela. E quando for crescendo, da mesma forma que ela nascerá de uma mãe estéril, ou seja, virgem, e gerará de maneira incomparável o Filho do Altíssimo. O nome Deste será Jesus, porque de acordo com seu significado será o salvador de todos os povos”. 
[Mateus III, versículo 01] Naquele mesmo tempo apareceu um jovem entre as montanhas onde Joaquim pastoreava seus rebanhos e lhe disse: “Por que não voltas ao lado de tua esposa?” Joaquim replicou: “Já faz 20 anos que tenho a mulher e, já que o Senhor houvepor bem não dar-me filhos dela, vi-me obrigado a abandonar o templo de Deus ultrajado e confuso. Para que voltar a seu lado como estou, cheio de desonra e vexado? Ficarei aqui com meu gado até que Deus queira que a luz deste mundo me ilumine. [02] Nem bem terminou de falar e o jovem lhe respondeu: “Sou um anjo de Deus e hoje apareci a tua mulher quando orava afogada em prantos. Saiba que ela já concebeu de ti uma filha. Esta viverá no templo do Senhor e o Espírito Santo repousará sobre ela. Sua felicidade será maior do que a de todas as mulheres santas”. 
Elevando-se na Fumaça

[Versículo 03] Joaquim prostrou-se em atitude de humilde adoração e disse: “Já que fui agraciado com tua visão, vem repousar em minha tenda e abençoar este servo”. Ao que o anjo respondeu: “Não te chames de meu servo, e sim de co-servo, pois ambos estamos na condição de servir ao mesmo Senhor. Minha comida é invisível e minha bebida não pode ser captada pelos olhos humanos. Portanto, não é necessário que me convides. Será melhor que ofereças a Deus em holocausto o que me darias de presente”. Então Joaquim pegou um cordeiro sem nenhum defeito e disse ao anjo: “Nunca me teria atrevido a oferecer um holocausto a Deus se teu mandado não me tivesse dado potestade de fazê-lo”. O anjo replicou: “Eu tampouco te convidaria a oferecê-lo se não conhecesse o beneplácito divino”. 
E ocorreu que, quando Joaquim oferecia seu sacrifício, junto com o perfume deste e, por assim dizer, com a fumaça, o anjo elevou-se ao céu. Então Joaquim prostrou a face na terra e ficou deitado desde a sexta hora até a tarde. Quando seus servos e assalariados chegaram por não saber o que aquilo significava, encheram-se de espanto, pensando que ele quisesse suicidar-se. Aproximaram-se e com muito esforço conseguiram levantá-lo do chão. Então ele lhes contou sua visão, e todos, movidos pela admiração e estupor produzidos pelo relato, aconselharam-no que obedecesse sem demora a ordem do anjo e que voltasse depressa para a mulher. 

[Versículo 04] Andaram 30 dias consecutivos e quando já estavam perto, um anjo de Deus apareceu a Ana, que orava, e lhe disse: “Vai até a porta a que chamam Dourada e sai ao encontro de teu marido, porque hoje mesmo ele chegará”. Ela se apressou e foi para lá com suas donzelas. De repente, levantou os olhos e viu Joaquim que chegava com seus rebanhos. Abraçou-se a seu pescoço dizendo: “Há pouco era viúva e já não o sou. Não faz muito era estéril e eis que concebi em minhas entranhas”. [Tiago IV, versículo 04] E, ao chegar Joaquim com seus rebanhos, estava Ana à porta. Ao vê-lo chegar, pôs-se a correr e atirou-se ao seu pescoço dizendo: “Agora vejo que Deus me bendisse copiosamente, pois, sendo viúva, deixo de sê-lo e, sendo estéril, vou conceber em meu ventre”. E Joaquim repousou naquele primeiro dia em sua casa.

[Mateus V, versículo 01] E Maria era a admiração de todo o povo, pois com apenas três anos andava com um passo tão firme, falava com tal perfeição e se entregava com tanto fervor aos louvores divinos que ninguém a tomaria por uma criança, mas sim por uma pessoa adulta. Além disso, era tão assídua na oração como se já tivesse 30 anos. Sua face era resplandecente como a neve e, por isto, apenas se podia olhá-la com dificuldade. O que mulheres adultas nunca foram capazes de executar, esta realizava em sua mais tenra idade. 

Curas Misteriosas 

[Versículo 02] Esta era a norma de vida que impusera: desde a madrugada até a terceira hora, fazia orações, da terceira à nona, ocupava-se de suas tarefas, da nona em diante consumia todo o tempo em oração, até que o anjo do Senhor se mostrava e de cujas mãos recebia alimentos. E assim crescia mais e mais nas vias da oração. Cada dia usava exclusivamente para sua refeição o alimento que lhe vinha das mãos do anjo, repartindo com os pobres aquele que lhe davam os pontífices. Freqüentemente se viam os anjos falando com ela, obsequiando-a com carinho de íntimos amigos. E se algum doente conseguia tocá-la, voltava imediatamente curado para sua casa.

Fonte: Reflexões

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