sábado, 5 de julho de 2014

Os perigos da automedicação

De forma geral: A automedicação pode retardar o tratamento de uma doença, ou pode aindamascarar os sintomas de uma mais grave, atrapalhando o diagnóstico, acompanhamento e tratamento. Também acontece do medicamento resultar em inúmeros efeitos colateraiscausar outras doenças mais graves do que a que você está tentando tratar, ou simplesmente não surtir efeito algum. Você pode descompensar uma doença crônica, como diabetes ou hipertensão ao usar remédios sem orientação médica. Pode fazer com que a doença, que a princípio iria embora sozinha, evolua para um quadro bem mais grave. Alguns medicamentos podem fazer com que você engravide sem querer, ou que dê à luz  uma criança cheia de problemas ou aborte. Por fim, o uso inadequado deles pode simplesmente fazer com que percam o efeito, já que as doenças se adaptam.
Muito bem, mas aposto que a grande maioria de vocês já tem uma boa noção disso. É exatamente esse o problema de todo texto que vejo sobre o assunto. Diante de uma abordagem mais abrangente, as pessoas pensam que o assunto não se refere àqueles “remedinhos inocentes” recomendados pela avó, balconista de farmácia, amigo ou que viu na internet.

Para evitar isso, tentarei ser bem específico falando sobre o que mais vejo VOCÊS aprontarem por aí.

Remédio para tosse

A pessoa está resfriada, com febre, dor no corpo, tossindo muito, incomodada, realmente sofrendo com aquela situação, e resolve procurar o pronto-socorro. Então o médico prescreve um anti-inflamatório, analgésico, antitérmico e recomenda muita hidratação. Ao sair do consultório, a criatura pensa: “- E a minha tosse? Esse médico não sabe nada!”
Passa na farmácia, e o balconista receita um remédio que inibe a tosse. O alívio é quase imediato, e aí é que desacredita mesmo no médico. O que ela e o balconista não sabem é que a tosse é um mecanismo de defesa, que visa expelir a secreção e corpos estranhos das vias respiratórias. O simples fato de ter tomado esse medicamento, vai fazer com que ela acumule secreção (catarro) nos pulmões, facilitando o desenvolvimento de uma pneumonia.
Entendam que geralmente não se recomenda remédio pra tosse quando o quadro é infeccioso. São mais indicados quando a tosse é causada por certas alergias, refluxo gastresofágico, reações a outros medicamentos, etc.

Expectorantes

Aqui não é lugar de se consultar!
 A grande maioria deles não surte lá grande efeito. Diria que a maioria dos médicos prescreve tais medicamentos para satisfazer os pacientes que, em geral, não se conformam em ficar sem tomar “um xarope”. Não está errado usá-los com orientação médica, mas por conta própria, podem sim te prejudicar. Se você estiver com uma pneumonia, por exemplo, ficar tentando se tratar com expectorante vai retardar o diagnóstico e piorar o quadro. Vale ainda mencionar que muitos contêm açúcar, que descompensa a diabetes.
O grande expectorante que existe no mundo se chama água. Se a pessoa se mantiver bem hidratada e umidificar o ambiente, facilitará a eliminação de secreções e proporcionará alívio da tosse. Se o médico não prescreveu, não use. Tenha bom senso.

Analgésicos e antitérmicos 

Os mais comuns são à base de paracetamol (Exemplo: Tylenol®) e dipirona (Ex.: Novalgina®, Dorflex®). Antes de usá-los, procure seu médico para saber o porquê da dor e da febre, que com certeza tem uma causa. Já comentamos aqui o risco de adiar a procura pelo médico.
Outro ponto importante se refere à toxidade, no caso do paracetamol. Dentre os medicamentos comuns, vendidos sem receita, ele é um dos que mais agride o fígado. Se a pessoa não é alérgica ou não apresenta reações adversas ao uso da dipirona, é bem melhor optar por ela, que além de oferecer menos riscos, faz mais efeito.

Anti-inflamatórios não hormonais

Medicamentos muito utilizados e que, talvez, sejam os maiores vilões. Se usados com cautela e SEMPRE de acordo com a indicação médica, são ótimos medicamentos, mas podem ser desastrosos nas mãos dos leigos. São vários, dentre os mais comuns o AAS (Exemplo: Engov® e Aspirina®), diclofenaco (Ex.:Cataflan®, Voltarem®, Tandrilax®), nimesulida (Scaflam®), tenoxicam (Ex.: Tilatil®), cetoprofeno(Ex.: Profenid®), e o ibuprofeno (Ex.: Algiflex®, Doraliv®).
Eles agridem muito o estômago e esôfago, provocando gastrites, úlceras, esofagites etc. Essas doenças além de poder evoluir de forma grave por si só, com dor intensa e até perfuração, são as precursoras da maioria dos tipos de câncer nesses órgãos. CÂNCER! Entenderam?
Os anti-inflamatórios também agridem o fígado, podendo causar hepatites medicamentosas e até cirrose. Aí vocês imaginam o quanto é bom tomar tais medicamentos após encherem a cara de cachaça! Seu fígado e estômago choram!
 Também são os medicamentos mais tóxicos aos rins, causando insuficiência renal, cujo tratamento nada mais é que transplante renal e hemodiálise.
Também são todos contraindicados em casos suspeitos de dengue.

Anti-inflamatórios hormonais, corticoides ou corticosteroides

Como o próprio nome diz, são tipos “hormônios”. Os exemplos mais comuns são a dexametasona (Ex.:Decadron®), prednisona (Ex.: Corticorten®), prednisolona (Ex.: Predsin®) e betametasona (Ex.:Diprospan®). São utilizados no tratamento de diversas doenças como asma, algumas doenças renais e de pele, certos tipos de reumatismo, linfomas e muitas outras.
Um professor meu dizia que corticoides são tão bons, mas tão bons, que até se você tiver bom e tomar, acaba melhorando. São medicamentos milagrosos quando bem indicados, e completamente desastrosos se usados de forma errada.
Eles predispõe o surgimento de diabetes e hipertensão arterial, e pioram tais doenças se já presentes. Podem provocar grande aumento de peso, agravando ainda mais o risco de doenças cardiovasculares, como AVC e infarto agudo do miocárdio.
Se usados de forma crônica provocam desmineralização óssea, resultando em osteoporose precoce e/ou grave. Pioram os quadros de gastrite, resultam em retenção de líquidos, podem causar alterações menstruais e muitos, muitos outros problemas. A Síndrome de Cushing é a doença caracterizada pelo excesso de corticoides no organismo.
Vejam a figura:
Excesso de uso de corticoides podem te transformar nessa simpática tia velha
Tais medicamentos até poderiam ser bem mais receitados por curtos períodos para alívio de sintomas de doenças diversas, mas o risco do paciente adorar e começar a usar de forma descontrolada faz com que a maioria dos médicos tenha medo de prescrevê-los.·.
As pomadas a base de corticoide são um ótimo exemplo. A princípio, elas irão melhorar praticamente TODAS as doenças de pele. Sarna, micose, herpes, piodermite, enfim, seja lá o que for, mas quase nunca tratarão o problema. A doença geralmente se descaracteriza dificultando o diagnóstico, e às vezes até piora. As pessoas adoram usar Diprogenta®, Candicort®, etc. Nós, médicos, tempos pavor delas sem nosso consentimento.

Antiácidos 

Estão incluídos aqui os “remédios para o estômago.” São vários, como omeprazol e pantoprazol,ranitidina (Ex.: Antak®) e cimetidina, que bloqueiam a produção de ácido no estômago, e obicarbonato de sódio (Ex.: Sal de Frutas Eno), hidróxido de alumínio e magnésio (Ex.: Leite de Magnésia), que anulam o ácido já produzido.
O grande mal do primeiro grupo não são sua toxidade e nem efeitos colaterais. O grande problema é que são tão eficazes, que fazem com que as pessoas fiquem usando indefinidamente e fiquem sem qualquer sintoma. Parece um paradoxo, mas a eficácia resulta em falta de acompanhamento médico. Após anos de uso, não raro descobrem um câncer provocado por sua gastrite crônica e pela falta de tratamento do H. pylori, bactéria que vive no estômago detectável por meio da realização de endoscopia digestiva alta.
O segundo grupo, além de causar alívio e falta de acompanhamento médico, ainda podem agravar um quadro de gastrite se usados cronicamente.

Antibióticos

São uma infinidade de medicamentos que visam tratar doenças, que são aquelas causadas por microrganismos diversos que invadem o nosso corpo. São causadas por eles algumas pneumonias, infecções urinárias, erisipela, meningite e muitas outras doenças.
O precursor dos antibióticos foi a penicilina, descoberta em 1941 por Alexander Fleming. Fato que revolucionou a medicina de forma indescritível. Na minha opinião, sua descoberta foi o grande divisor de águas da medicina moderna.
 
Os antibióticos mais comuns que as pessoas, infelizmente, ainda conseguem comprar sem receita médica sãocefalexina (Ex.: Keflex®), amoxilina (Ex.: Amoxil®, Clavulin®), azitromicina (Ex.: Astro®, Clindal AZ®, Zitromax®), ciprofloxacina (Ex.: Cipro®, Proflox®), tetraciclina (Ex.: Tetrex®), penicilina G benzatina (Ex.: Benzetacil®) e sulfametoxazol-trimetropin (Ex.: Infectrin®).
O seu uso geralmente é inapropriado, primeiramente pela indicação errada, pois a grande maioria das doenças infecciosas é viral. Nesses casos, não há qualquer benefício o seu uso. Depois, pelo uso incorreto; cada antibiótico deve ser tomado em certo intervalo fixo e preciso de tempo, e por determinado número de dias. Se isso não for seguido, além de não surtir efeito, pode agravar a doença, induzindo resistência bacteriana, que vou comentar depois.
Eles também dificultam o acompanhamento e diagnóstico, pois negativam e alteram vários exames. Um hemograma ou sumário de urina podem estar normais devido ao uso dos mesmos. O médico fica sem parâmetros para avaliar a evolução, complicação ou origem de certas doenças porque as pessoas iniciaram tratamento por conta própria.
Os antibióticos podem causar praticamente todo tipo de efeitos colaterais. Por exemplo, o paciente pode estar apenas resfriado, mas o médico suspeita de dengue porque ele está sentindo náuseas, tonturas e vômitos porque começou a usar ciprofloxacina. Ou então tomou um antibiótico por causa de uma simples dor de cabeça, e começa a apresentar diarreia, porque o antibiótico desequilibrou sua flora intestinal.
Certa vez atendi uma paciente que tinha uma candidíase vaginal intratável. Não havia nada no mundo que resolvesse o problema. Após quase um ano, descobrimos que era porque ela tinha mania de usar amoxilina todo mês pra qualquer tipo de dor ou doença, o que altera a flora e o pH vaginal, predispondo a infecção por cândida.
Antibióticos podem causar quadros dermatológicos mesmo após semanas de ter seu uso interrompido. Podem ser tóxicos aos rins e ao fígado, tão ou mais que os anti-inflamatórios. Podem diminuir ou aumentar o efeito de diversos outros medicamentos que o paciente tenha que usar de forma contínua. Muitas mulheres engravidam porque usaram sem prescrição médica. Muitos deles alteram a absorção dos anticoncepcionais, diminuindo a eficácia dos mesmos.
Por último, um problema que afetará não só a criatura que usou tais medicamentos de forma inapropriada, mas a população de forma geral, é que o seu uso indiscriminado está produzindo superbactérias. Não é ficção, é fato!
Quase isso, só que pior!
Toda pessoas tem bilhões de bactérias colonizando seu corpo ou tentando invadi-lo. Elas competem entre si, resultando num equilíbrio fácil de ser quebrado. Se forem utilizados antibióticos desnecessários ou de forma errada, ao invés de matar todas as bactérias, apenas as mais fracas são mortas, fazendo com que as sobreviventes ocupem o seu lugar. Desta forma, o meio ambiente vai tendo bactérias cada vez mais fortes e resistentes. Existe ainda o fato destes microrganismos desenvolverem mutações diversas para se defender, fazendo com que aquele medicamento não tenha mais efeito sobre eles.
Atualmente já podemos colher os frutos disso; os antibióticos de antigamente já não tratam as doenças atuais. Cada vez mais teremos que usar fármacos mais potentes, em doses maiores, por períodos mais longos de tempo. Chegará um dia em que será difícil e muito caro para os laboratórios conseguirem produzir novos medicamentos que consigam combatê-las. É plausível que o mundo possa um dia acabar por causa de uma epidemia intratável que nós mesmos induzimos.

Fim de papo

Espero que, ao detalhar vários aspectos dos medicamentos mais comuns, utilizados de forma indiscriminada, tenham entendido que quando falamos dos perigos da automedicação, não estamos falando de medicamentos para câncer, AIDS ou coisas de outro mundo. Espero que ao dar nome aos bois, tenham entendido que mesmo aquele “remedinho simples que todo mundo toma” pode resultar em muitos problemas. Não tente ser médico, procure um profissional qualificado. Se depois desse texto enorme você ainda insistir em se automedicar, morreu sabendo.
Fonte: Lol, Hehehe

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Cientistas descobrem identidade do Pé-Grande

Pesquisadores cruzaram amostras que seriam do monstro e indicam que criatura é um espécie de urso
RIO - A lenda do Pé-Grande pode estar com os dias contados. Um grupo de cientistas da Universidade de Oxford analisou 30 amostras de DNA retiradas de pelos que seriam da criatura, doados por museus e entusiastas, e afirma que o temido monstro deve ser apenas uma espécie desconhecida de urso.
As pegadas deixadas por espécie de urso geraram
estudos sobre a lenda do Pé-Grande
 - AFP

Durante a pesquisa, as amostras encontradas pelos grupos, muitas vezes, eram de animais conhecidos que não teriam qualquer relação com a descoberta de uma nova espécie. Pelos de ursos, vacas, cães e cavalos passaram-se como o do Pé-Grande entre entusiastas e pequenos museus. A análise de DNA foi feita até num chumaço de cabelo encontrado no Texas. E era só cabelo humano mesmo.

Ao restringir a pesquisa geograficamente, os pesquisadores encontraram dois pelos da Índia e do Butão que seriam de uma espécie desconhecida, provavelmente um primo distante de um urso polar ou um híbrido de espécies locais e urso pardo.
"Se estes ursos estão amplamente presentes no Himalaia, eles podem muito bem contribuir para o fundamento biológico da lenda do Pé Grande", afirma a pesquisa publicada na revista "Proceedings da Royal Society B".

O grupo de Oxford pretende, com o estudo, colocar um ponto final nas especulações excêntricas ligadas à lenda do Pé-Grande.
O cientista Bryan Sykes, da Universidade de Oxford, reuniu 30 amostras
para desmitificar a lenda do Pé-Grande - 
Production Company / AP
"As técnicas descritas aqui colocam fim a décadas de ambiguidade sobre a identificação das amostras de espécies anômalas de primatas e estabelecem um padrão rigoroso contra julgamentos e reclamações futuras", disseram os pesquisadores no estudo.