sábado, 21 de abril de 2018

O Simbolismo da Colméia na Maçonaria


Esse importante símbolo maçônico foi ignorado (ou talvez seja desconhecido) por praticamente todos os escritores maçons brasileiros. Até mesmo a literatura internacional versa pouco sobre esse símbolo, presente desde a cultura egípcia, passando pelos romanos, usado pelos cristãos primitivos, e que posteriormente inspirou imperadores, como Napoleão.

Com exceção do ser humano, qual o outro ser vivo trabalha muito e em equipe, vive em comunidade, produz diferentes tipos de materiais, constrói casa para milhares de iguais, e tem forte hierarquia e disciplina?

A abelha trabalha duro e sem descanso, não para ela, mas para todas. Ela produz e ela constrói. Ela vive em harmonia com a natureza. A colméia é o grande emblema do resultado do trabalho da abelha, da sua capacidade de construir algo em prol de todos. A abelha é o ser construtor, assim como o maçom pretende ser. A partir disso é fácil compreender como a colméia se tornou um símbolo maçônico presente em antigos estandartes e aventais, e no grau de Mestre Maçom dos rituais mais antigos de nossa Ordem.

Não se sabe a partir de quando a Colméia passou a constar nos rituais maçônicos, mas já estava presente na Maçonaria desde, pelo menos, o início do século XVIII, como evidencia um catecismo maçônico irlandês datado de 1724:

“Uma abelha tem sido, em todas as épocas e nações, o grande hieróglifo da Maçonaria, pois supera todas as outras criaturas vivas na capacidade de criação e amplitude de sua habitação. Construir parece ser da própria essência ou natureza da abelha”.

Há vários registros de colméias como parte integrante e de destaque de templos e rituais maçônicos na Inglaterra, Irlanda, Escócia e EUA no século XVIII. Porém, com a renovação dos rituais em boa parte do Reino Unido a partir de 1813, esse importante símbolo foi de certa forma ignorado, surgindo vez ou outra em Lojas de Pesquisa, com exceção da Maçonaria Americana, que manteve sua importância no Ritual.

Para se ter uma melhor compreensão do significado maçônico da Colméia, segue pequeno trecho adaptado do Monitor de Webb:

“A Colméia é um emblema de indústria e operosidade. Ela nos ensina a prática dessas virtudes a todos os homens. Viemos ao mundo como seres racionais e inteligentes. Como tais, devemos sempre ser trabalhadores, jamais nos entregando à preguiça quando nossos companheiros necessitarem, se estiver em nosso poder auxiliá-los. …Aquele que não buscar trazer conhecimentos e entendimento ao todo, merece ser tratado como um membro inútil da sociedade, indigno de nossa proteção como Maçons.”

Enfim, um dos símbolos maçônicos com significado e ensinamentos mais profundos, simplesmente perdido nas brumas do tempo e nas páginas das incontáveis “revisões” promovidas pelos “sábios” de outrora. Esse é o verdadeiro “símbolo perdido” da Maçonaria.

Fonte

segunda-feira, 9 de abril de 2018

10 Amuletos Mágicos da Sorte e Suas Sinistras Histórias


Como um todo, a humanidade é muito supersticiosa. O mundo é um lugar cruel e precisamos de toda a ajuda que pudermos obter. Então, nos voltamos para os nossos amuletos e orações, nossos talismãs, e às vezes, até mesmo os nossos animais com a esperança de que um pouco de boa sorte vá nos proteger de tudo o que está lá fora. No entanto, alguns desses encantos tem uma história muito perturbadora.

(01) A Medalha Exorcística de São Bento



Na parte frontal da medalha, temos a imagem de São Bento segurando uma Cruz no alto em sua mão direita (símbolo de sua grande devoção, fez muitos milagres com o Sinal da Cruz) e sua regra para Mosteiros na mão esquerda. Por causa disso, a medalha é muitas vezes referida como a Medalha-Cruz de São Bento. Inscrições: "Crux s. Partis Benedicti" (Cruz de nosso Santo Padre Bento), "Eius em obitu nostro praesentia muniamur" (Que possamos ser reforçados pela Sua presença na hora de nossa morte!) e "ex SM Casino" (de Santo Monte Cassino, 1880: moeda cunhada para o 1400 Aniversário do nascimento de São Bento). Atrás da imagem do Santo, há uma figura que simboliza um cálice, de onde saem uma serpente e um corvo com um pedaço de pão no bico, lembrando duas tentativas de envenenamento das quais São Bento se salvou milagrosamente. Até aqui, tudo normal: uma medalha em homenagem ao Santo.

Mas na parte traseira da Medalha, existe um encantamento recitado para afastar o diabo. As letras em torno do exterior da medalha (VRSNSMV - SMQLIVB) são iniciais para uma frase, e significam "Vade retro Satana; nunquam suade mihi vana! Sunt mala quae libas. Ipse venena Bibas!". Em português se traduz" Afaste-se Satanás! Nunca me tente com suas vaidades! O que você me oferece é mau. Beba o veneno você mesmo!". "CSPB": Crux s. Patris Benedicti (cruz de nosso Santo Padre Bento). E "PAX", significa Paz, que é um lema beneditino durante séculos. CSSML: Crux Sacra Sit Mihi Lux - "A cruz sagrada seja minha luz". NDSMD: Non Draco Sit Mihi Dux - "Não seja o dragão meu guia".

O encantamento que adorna a medalha veio há pouco tempo, e foi descoberto durante um julgamento por bruxaria. Em 1647, um grupo de mulheres foram a julgamento por bruxaria na cidade bávara de Natternberg, Alemanha. As mulheres testemunharam que enquanto elas exerciam o poder da bruxaria e do diabo, havia um lugar onde elas não tinham poder: a abadia nas proximidades, em Metten. As mulheres disseram que a abadia estava sob algum tipo de proteção particularmente poderosa, e elas foram incapazes de superar o que quer que fosse.

Abadia em Metten, Alemanha. 
Quando a abadia foi investigada para descobrir por que ela tinha mantido as bruxas à distância, o povo da cidade encontrou algo: cruzes pintadas nas paredes da abadia com a mesma inscrição que é usada agora na medalha. Não havia nenhum indício de sobre o que as letras representavam até que um manuscrito datado de 1415 foi descoberto. O manuscrito descrevia a iluminação de um santo segurando um pergaminho e um cajado. No cajado estava todo o encantamento que agora está associado com Bento.

O encantamento que havia sufocado o poder das bruxas foi viral no século 17 e medalhas carimbadas com as letras espalharam-se por todo o continente. Elas ficaram conhecidas por ser extremamente eficaz contra alguém que sofre de possessão demoníaca. Também acreditam que possa dar a proteção divina, ajudar a afastar qualquer mal, e, finalmente, trazer a paz de espírito e um coração puro.

(02) Medalha Anting-Anting



As Lendas sobre o amuleto Anting-Anting vem das Filipinas. Acredita-se que o amuleto protegia o usuário de qualquer dano causado por balas ou facas e tornou-se popular entre os bandidos. Em seu tratado sobre folclore, John Maurice Miller contou a história do Líder Manuelito de uma gangue de foras-da-lei, que se mantiveram seguros por causa de seu Anting-Anting. De acordo com a história, Manuelito teve inúmeros desentendimentos com a lei e diziam que não importava quantas pessoas estavam atirando contra ele, sua Anting-Anting desviava quaisquer balas que chegavam perto dele.

Durante festas e comemorações, ele combinava com seus próprios capangas para que disparassem contra ele, tudo para demonstrar sua invencibilidade. Como o bandido e seus homens estavam próximos de Manila, capital das Filipinas, um grupo de Macabebes foram despachados para tentar pôr fim ao seu reinado de terror de uma vez por todas. Eles atiraram com suas balas de prata, cujo material havia sido extraído e derretido de uma estátua da Virgem Maria. Era a única coisa poderosa o suficiente para superar o Anting-Anting e, finalmente, conseguiram matar o líder foragido.

Cópias charmosas de Manuelito foram feitas em grande número, mas o folclore por trás de fazer e encantar uma Anting-Anting é muito terrível. Era mais eficaz quando eles eram feitos durante a Semana Santa. Um dos métodos era a exumação de uma criança não batizada ou de um bebê abortado. O corpo era colocado dentro de um tubo de bambu, e o líquido que escorria do corpo em putrefação era drenado do tubo e recolhido. Em seguida, o líquido era lentamente bebericado por quem queria ganhar a proteção do Anting-Anting. Um outro método, mais alternativo era ir a um cemitério durante a Semana Santa e colocar uma oferta de comida e vinho em uma tumba. Os espíritos iriam consumir a refeição e deixar para trás uma pedra branca, dando sua proteção em troca da refeição.

(03) Limpadores de Chaminés



Superstições e crenças têm crescido em torno de uma das ocupações mais improváveis: ​​limpadores de chaminés. Na Alemanha, ver um limpador de chaminés perto do ano novo é considerado um sinal de que boas coisas estão por vir no próximo ano. Vários países, como Alemanha e Inglaterra, usam brinquedos e iguarias comestíveis na forma de raspadores e ferramentas usadas pelos limpadores como amuletos de boa sorte. Na Inglaterra, incluir um limpador de chaminés em sua lista de convidados do casamento é uma maneira garantida de trazer sorte e fertilidade. Muitos limpadores de chaminés modernos se alugam para casamentos como continuação de uma prática que tem sido forte desde o reinado do Rei George II.



Segundo a sabedoria tradicional, esses trabalhadores ingleses desfrutam de sua reputação como um amuleto da sorte por causa de uma vassourada com o raspador que salvou o rei George II. Uma versão da história diz que o rei estava andando de cavalo quando este se assustou com um cão, e um limpador de chaminés entrou em cena para salvar o dia. Noutra versão, o rei estava na carruagem, mas o resultado é o mesmo. Desde então, o raspador foi oficialmente reconhecido como uma espécie de sorte quando você o mantém ao seu redor.

No entanto, aqueles que foram forçados a ser limpadores de chaminés na Era Vitoriana eram tão azarados como o máximo que se poderia ser. Os meninos novos que eram pequenos o suficiente para caber nas chaminés eram aprendizes sob o ensinamento de um varredor mestre.


Na década de 1870, os jornais estavam cheios de exemplos de varredores mestre recebendo vereditos de culpa em acusações de homicídio culposo. Em fevereiro de 1875, um limpador de Cambridge foi considerado culpado pela morte de um menino que ele tinha forçado a subir em uma chaminé em combustão no Fulborn Asylum (Hospital Psiquiátrico), que morreu sufocado na fuligem.

Fulborn Asylum (Hospital Psiquiátrico), em Cambridge, Inglaterra.
Folclore de um tipo diferente também foi usado para assustar as crianças. Meninos levados e bagunceiros eram avisados ​​de que o limpador de chaminés viria, os colocaria em um saco, e os levaria até a chaminé, se não se comportassem - a típica lenda do Homem do Saco.

(04) Ferraduras da Sorte



Se ele está pendurado em uma parede para manter e recolher toda a boa sorte ou para derramar sobre todos que passam, a ferradura é uma superstição comum. Uma explicação de como ela veio a ser um amuleto de sorte é um conto sombrio de Saint Dunstan (Bispo de Londres, 909 d.C - 988 d.C), um homem santo que trabalhava como ferreiro em uma forja, quando ele não estava ocupado fazendo orações ou tocando sua harpa.


De acordo com a história, São Dunstan estava tocando sua harpa quando o diabo o ouviu cantar. A música encheu o diabo de ódio, e sem conseguir evitar, também começou a cantar. O diabo fez um barulho tão horrível que Dunstan sabia que só poderia ser feito por algo verdadeiramente mal. Dunstan agarrou-o pelo nariz com um par de alicates quentes da forja e passou a pregar ferraduras quentes nos pés do diabo, que atravessava as unhas através da pele macia. Os gritos de agonia eram altos o suficiente para acordar os mortos.


Dunstan se recusou a remover as ferraduras de suas unhas até que o diabo assinasse um acordo prometendo nunca mais incomodar as pessoas enquanto elas estivessem rezando na igreja ou em qualquer lugar sob a proteção de uma ferradura. Dunstan manteve sua parte do acordo, e desde então, a ferradura protege a quem a mantém por perto e enquanto permanecerem virtuosas.

Há um par de outras explicações sobre a ferradura, incluindo a associação com o número sete (a quantidade usual de pregos utilizados). Curiosamente, ao contrário da ferradura, o ferreiro foi tipicamente associado com o mal em vez do bem, sendo frequentemente ligado à prática de magia negra. Já o Whitesmith (pessoas que trabalham com chumbo ou estanho) eram considerados pessoas muito mais respeitáveis.

(05) Cabeça Decepada da Medusa



Desde os tempos da Grécia antiga, a cabeça decepada de Medusa tem sido um amuleto de boa sorte bizarro. A imagem da cabeça decepada (chamado Gorgoneion) foi adicionado a tudo. Quando colocada em escudos, acreditava-se proteger os homens que foram encaminhados para a batalha. Se usada como uma máscara pelos atores, os protegeriam da maldição do mau-olhado. A imagem da cabeça da górgona estava em todos os lugares, todos com a crença de que ela protegia o usuário. Foi ainda utilizada por Minerva, cimentando a crença de que detinha poderes de proteção.


A imagem da mulher com serpentes no cabelo surgiu a partir do conto grego épico de Perseu e Medusa. Medusa era uma das três irmãs, e a única irmã que era mortal. Depois que Perseu removeu sua cabeça por ordem do Rei Polydektes de Seriphos, ele foi perseguido por suas irmãs imortais.

Perseu faz a decapitação de Medusa, de onde nasceram Pegasus e Chrysaor
Antes de Medusa ser morta, ela era a amante de Poseidon. Em sua decapitação, ela deu à luz a seus filhos, cavalos alados, Pegasus, e Chrysaor (que era às vezes são representados como um gigantes e, por vezes, como javalis alados), que saltaram de sua cabeça cortada.



Enquanto os primeiros escritos sobre Medusa e suas irmãs as descrevam como demônios marinhos hediondos, às vezes é o infeliz encontro com Poseidon que transformou a outrora bela Medusa no monstro com cabelos de cobra. Quando ela e Poseidon profanaram um santuário de Athena, ela foi amaldiçoada a se tornar o monstro pelo qual ela é lembrada.

(06) Janelas de Bruxa


Datado de 1830, as janelas inclinadas chamadas popularmente como "Janelas de Bruxa" são uma peça de design arquitetônico que é bastante exclusivo no estado de Vermont, EUA. Essas janelas eram instaladas no segundo andar das casas, posicionadas em um ângulo de 45 graus, com uma explicação perfeitamente razoável. Quando adições de novos cômodos eram feitas na casa, a nova parte do edifício frequentemente cobria as janelas antigas. O espaço deixado para instalar novas janelas era geralmente muito apertados, então as janelas bruxa angulares eram perfeitamente úteis para que aquele cômodo não ficasse sem janela. Numa época em que as pessoas faziam o máximo proveito dos materiais que tinham em mãos, janelas bruxas eram muitas vezes feitas de materiais que sobravam.


O folclore popular que tem crescido em torno destas janelas é que eles estavam lá para proteger os moradores da casa de bruxas. De acordo com a história, bruxas não podem virar suas vassouras para voar através de uma janela que está fixada em um ângulo.

Também chamados de janelas caixão, remonta uma época em que as pessoas geralmente eram veladas em suas casas. Poderia ser difícil de manobrar um caixão por causa dos corredores apertados e escadas de uma casa do século 19. As janelas caixão angulares foram criadas supostamente para tornar mais fácil retirar o caixão para fora da casa, em vez de tentar tirá-lo através de uma porta.

(07) Pedras Capão


Pedras capão eram consideradas peças de sorte, pelo menos desde o tempo de Plínio. O antigo filósofo escreveu sobre as pedras em sua famosa obra História Natural e as descreveu como rochas do tamanho de feijões recuperados das moelas de galos castrados, animais conhecidos como capões. Plínio observou uma história sobre uma pedra capão que supostamente tornou um homem chamado Milo de Croton invencível. Até o segundo século, a pedra capão não estava apenas associada a fazer alguém invencível. De acordo com a escrita de Damigeron, um mágico que coloque a pedra na sua boca seria dotado de proezas de batalha, eloquência, charme, bom caráter, e a capacidade de fazer uma esposa cair sobre si mesma em seus esforços para agradar ao marido.

Ao longo do próximo século, mais benefícios foram adicionados aos poderes da pedra. Se ela fosse tirada de um capão que tinha sido castrado na idade de três, quatro, sete, nove ou dez anos, eliminaria também a necessidade de beber álcool em uma pessoa, tornaria o parto mais fácil, e curaria doenças nos olhos. Os textos médicos do século 16 sugerem que os médicos tentaram corrigir problemas de visão com uma espécie de versão inicial da lente de contato. Foi feita a partir de um cristal semelhante ao das pedras capão e inserida no olho. Eles observaram que o cristal deve ser pequeno e altamente polido, com uma nota informando que o único prejuízo foi realmente causado pelo incômodo do objeto cortante, além da vermelhidão causada pela dificuldade de respiração da córnea, cerca de 30 minutos após a inserção.


Temos certeza de que o salto de charme benéfico para lente de contato surgiu após um mal-entendido de séculos de idade. O médico romano Dioscorides foi o autor de um texto médico que permaneceu em uso por cerca de 1.600 anos. No texto, ele parafraseia Plínio e descreve a camada interior do estômago do capão. Quando a pedra secava, era triturada em pó e adicionada ao vinho: soube-se que resolvia problemas no estômago. A partir daí, outros interpretaram que a colocação da pedra capão em sua boca iria conceder seus efeitos.

(08) Camisa Fantasma


A Camisa Fantasma era uma parte da religiosidade dos nativos americanos do século 19 do Movimento Ghost Dance. De acordo com os ensinamentos do movimento, a camisa fantasma iria proteger seu portador do mal e, mais especificamente, de balas. Hoje, acredita-se que, para muitos, a camisa fantasma foi uma demonstração tangível de um desejo de paz.

Em 1896, James Mooney registrou suas impressões sobre a Camisa Fantasma. Ele disse que elas foram usadas ​​por homens, mulheres e crianças sob suas roupas normais e, por vezes, como parte dos rituais Ghost Dance. Elas eram tipicamente decoradas com iconografia sagrada, e eles acreditavam que as imagens e as pinturas dariam à camisa seus poderes protetores. Alguns acreditam que eram imagens de guerra, e não de paz, e levou a um cisma na ideia por trás da camisa fantasma.

Massacre de Wounded Knee, 1890.
Em 1890, 250 Sioux foram mortos no massacre de Wounded Knee. Seus corpos foram saqueados, e um ano mais tarde, quando Wild Bill Cody (Buffalo Bill) apareceu na direção de seu Show Wild West ("Oeste Selvagem", o show incluía uma parada de cavaleiros, participação de índios americanos, grandes atiradores, Turcos, Árabes, Mongóis e Cossacos, com cavalos e roupas típicas, e com participações de Jane Calamidade e Touro Sentado) em Glasgow, ele tinha com ele alguns dos itens que haviam sido roubados dos mortos. Ele apresentou alguns dos itens para a cidade, incluindo uma Camisa Fantasma.


Somente em 1998 a Camisa Fantasma foi devolvida aos descendentes daqueles que tinham morrido em Wounded Knee. Eles foram entregues por funcionários da Escócia, que disse que eles sabiam que a peça precisava ser devolvida à sua casa.

(09) Pé de Coelho


Um pé de coelho pode dar sorte para qualquer um, exceto para o coelho. A crença é prevalente na América do Sul, onde os coletores de folclore têm encontrado inúmeras histórias de pessoas que afirmam que um pé de coelho mantém afastado qualquer dano, especialmente se eles estão sujeitos a certos rituais. Para ser realmente eficaz, ele precisa ser a pata esquerda frontal do coelho, e deve ser mergulhada em água encontrada em um toco de árvore podre em um cemitério à meia-noite. Outras histórias afirmam que é a pata dianteira direita, e o coelho deve ter sido morto em um cemitério.

Enquanto isso em um Universo Paralelo...
Por que um coelho? Parcialmente por causa de uma das histórias de Ole Brer Rabbit, registrado pela Biblioteca Greenwood de Lendas Folclóricas Americanas e de origem em 1900. A história diz que o Sul estava sendo atormentado por uma bruxa de 500 anos de idade, que tinha amaldiçoado as pessoas e os animais para morrerem de fome. Quando os chamaram o inteligente Compadre Coelho para ajudá-los, o coelho decidiu que sabotaria as roupas da bruxa quando ela se banhasse antes de sair para o seu negócio noturno do mal. Ele pegou uma cesta de pimenta, amassou-as em um purê, e encheu as roupas da bruxa com ele. Quando ela voltou e colocou sua roupa, ela ficou paralisada por causa das queimaduras das pimentas. Os animais a capturaram e a queimaram, pondo fim ao seu reinado de terror e fazendo de seus pés uma excelente proteção em homenagem ao coelho contra bruxas e seu mal.



Há também histórias de coelhos que são feridos durante a noite com as mesmas lesões que aparecem nas mulheres locais no dia seguinte, revelando que elas são bruxas. A ideia de coelhos serem bruxas, ou familiares das bruxas, fez com que os seus pés se tornassem um poderoso totem contra sua maldade. A preparação correta do pé iria colocar o poder da bruxa nas mãos da vítima.

(10) Gato Preto


Os gatos pretos eram considerados por dar boa sorte no antigo Egito e foram muitas vezes associados a Bastet, até que o seu culto foi proibido em 390 a.C. Em alguns lugares, o seu estatuto como protetores benevolentes continuou. Na Escócia, um gato preto aparecendo em sua casa é um sinal de que você vai ser próspero, e é comum para os navios tomarem um gato preto com eles em viagens para a proteção de má sorte e tempestades. No sul da França acredita-se que os gatos pretos são gatos mágicos, e faça-lhe um favor que você irá ganhar a sua bênção. Mas a queda do gato preto começou com bruxaria.

Em 1170, Peter Waldo fundou uma seita cristã chamada "Os Valdenses" com a afirmação de que todos tinham a capacidade de falar diretamente com Deus. Isso, é claro, colocou um amortecedor sobre o Papa e os negócios financeiros da igreja caíram, assim alegações foram feitas contra os valdenses depois que eles foram excomungados. Os Valdenses ficaram conhecidos como adoradores do diabo na forma de um gato preto. Era uma acusação que também seria movida contra os Cavaleiros Templários e os cátaros, começando com o delineamento de uma cerimônia herética adorando o gato descrita pelo escritor medieval Walter Map. De acordo com Map, os encontros dos cátaros 'contavam com grupos nas sinagogas que esperaram por um gato preto enorme que descia por uma corda que pendia do teto. Uma vez que o gato aparecia, eles apagavam todas as luzes e seguiam seu caminho com ele na escuridão, onde iria beijá-lo. O mesmo foi dito da Ordem dos Templários e foi uma das principais acusações feitas contra eles.


Mas historicamente, foi o Papa Gregório IX que deu um Strike no Gato Preto. Até Gregório, hereges e bruxas só eram normalmente investigadas quando alguém apelava à igreja para obter ajuda. Gregório, em seu texto Vox in Rama, afirmou que os gatos pretos eram um sinal claro de que seu mestre era uma bruxa ou um adorador do diabo. Ele passou a dizer que os próprios gatos estavam longe de espectadores inocentes, que eram participantes ativos nos rituais do mal, e, supostamente, quando eles tomaram a sua forma humana ele se transformaria em homens de pele clara com olhos negros. O sinal claro de que um gato preto era um desses demônios que mudam de forma foi o ponto de partida para chegarem à conclusão de que o fazia para ajudar no ritual da bruxa dando-lhe um beijo obsceno. Suas palavras deu início a uma campanha contra os gatos que durou mais de 500 anos. O sucesso foi tanto que é quase impossível encontrar um gato completamente preto em algumas áreas do mundo, porque eles foram caçados quase à extinção.

Fonte: Matrix Desvendada

Alferd Packer, o Canibal do Colorado


Na Universidade do Colorado, EUA, tem um café-churrascaria que se chama “Alferd Packer Memorial Grill”, com o slogan “Servindo a humanidade desde 1874” e onde você pode saborear um bife especial que leva o nome de “The Cannibal”. Sinistro, mas saiba agora quem foi esse cara que além de ser muito respeitado, ganhou espaço na música, no cinema, no teatro e até na culinária!

Neste vídeo, uma versão resumida e com linguagem um pouco mais coloquial. Mas não deixe de ler a matéria inteira, pois ficou riquíssima em informações e com muitos detalhes sórdidos. Divirta-se! 



Sua Incrível História

Antigo açougue em Allegheny County Pennsylvania
Alfred Griner Packer nasceu em 21 de Janeiro de 1842, em Allegheny County, Pensilvânia , um dos três filhos de James Packer e sua esposa Esther Griner. No início da década de 1850, James Packer mudou com sua família para Lagrange County, Indiana , onde trabalhou como marceneiro.


Foto de Alferd Packer e sua lápide.
Quando Alferd Packer tinha 19 anos, a Guerra Civil estourou e ele se alistou na 16ª Infantaria dos Estados Unidos em Wynona, Minnesota. Ele serviu apenas 8 meses e foi dispensado antes do Ano Novo devido à epilepsia. Em junho de 1863, ele tentou se alistar novamente, desta vez no 8º Regimento da Cavalaria do Iowa, mas foi dispensado novamente, 10 meses depois, pela mesma razão. Em seguida, viajou para as Montanhas Rochosas e trabalhou na mineração durante 9 anos.

O nome de Alferd era, na verdade, Alfred e é escrito desta forma em sua lápide, como você pode ver na foto acima, e em documentos oficiais. A história é que enquanto servia no Exército durante a Guerra Civil, Alfred fez uma tatuagem e o artista grafou seu nome como "Alferd." Packer assumiu o novo apelido e referia a si mesmo depois como Alferd.


Em 1873, um grupo de cerca de vinte homens em Utah ouviram rumores de uma descoberta de ouro perto de Breckenridge, Colorado. Era novembro, mas eles estavam ansiosos para encontrar o lugar e marcar uma posição. Então, eles contrataram um sertanejo chamado Alferd Packer como seu guia. Alferd juntou-se ao partido, liderado por Bob McGrue, com 20 homens, e deixaram Bingham Canyon, Utah e se dirigiram a leste, com a intenção de chegar nas montanhas de San Juan de Colorado. O inverno foi terrível aquele ano, de modo que eles só conseguiram chegar ao Acampamento Indígena do Chefe Ouray, conhecido por ser amigo do homem branco, na foz do Dry Creek, perto de Montrose, a 2 milhas ao sul de Delta, em janeiro de 1874, quase 3 meses depois. Eles chegaram com fome e desesperados.


Índios Utes, em sua aldeia, onde o grupo de McGrue se alojou e recebeu cuidados.

Índios Utes, em frente à Agencia Indiana
Os Utes (aldeia do Chefe Ouray) cuidaram muito bem deles, mas também pediram veementemente que eles não continuassem para as montanhas até a primavera. A montanha tinha passagens traiçoeiras, havia o perigo iminente de avalanche e, em alguns lugares, poderia haver queda de neve suficiente para enterrar todos eles. No entanto, cinco dos homens de McGrue estavam tão afetados pela febre do ouro que ignoraram os conselhos do Chefe Ouray e simplesmente não podiam esperar. O plano deles era contratar Alferd Packer como seu guia e irem para a Agência Indiana de Los Pinos em Cochetopa Creek entre Saguache e Gunnison.

Uma primeira caravana, liderada por OD Loutsenheiser com outros três homens saíram primeiro; Packer tentou segui-los, mas Loutsenheiser apontou um revólver para Packer e disse-lhe que "se ele os seguisse através da montanha teria problemas." então Packer voltou para o acampamento. Na semana seguinte, em 9 de fevereiro, Packer e outros cinco homens, Israel Swan, James Humphrey, Shannon Wilson Bell, Frank "Reddy" Miller e George "California" Noon, seguiram para a Agência Indiana Los Pinos. O líder do equipamento, Bob McGrue, guiou o grupo de Packer até que seus cavalos não pudessem mais continuar. McGrue voltou para o acampamento de Ouray. O que aconteceu depois disto não está muito claro.

No melhor dos tempos, era uma viagem de cerca de 121 km (75 milhas), mas eles pensaram que era apenas 64 km (40 milhas) e levaram apenas 10 dias de provisões de alimentos, de acordo com uma das versões dos historiadores. Apenas Packer surgiu do outro lado das montanhas, no dia 16 de Abril de 1874, dois meses depois, e chegou à Agência indiana de Los Pinos perto de Gunnison. Presos nas montanhas, com neve até os ombros e subindo cada vez mais as montanhas, eles acabaram sem alimentos e energia em um terreno de cascalho perto de Lake San Cristobal , a colina que é agora Lake City. Eles estavam perdidos e foram pela esquerda em vez da direita, e desceram o Lago Fork, em vez de subir, mas Packer era o seu guia, então...


Foto antiga da Agência de Los Pinos
Quando Preston Nutter, um membro do grupo original de McGrue, perguntou a Packer o que aconteceu com o resto do seu partido, e ele afirmou que os outros o abandonaram e, com muito custo, ele sozinho cambaleou por mais de 80 km (50 milhas) até conseguir chegar à Agência Indiana Pinos Los, porém ele parecia muito saudável para alguém que dizia ter lutado com a neve pesada durante dez semanas. "Meus pés estão molhados e congelados", dizia ele.

Após uma curta estadia na Agência, Packer disse que queria voltar para a Pensilvânia, e foi acompanhado por Nutter e dois outros membros do grupo original de McGrue para Saguache, onde ele poderia comprar suprimentos para sua partida. Durante o curso desta jornada, Nutter viu que Packer tinha em sua posse uma faca de esfolar que tinha pertencido a Frank "Reddy" Miller e começou a ter dúvidas sobre a sua história.

Quando o grupo chegou a Saguache, Packer fez arranjos para o quarto no bar de Dolan. Foi quando Larry Dolan, o proprietário do bar, contou a Nutter que Packer havia gastado, anteriormente, cerca de US$ 100 durante a sua estadia, e que Packer até se ofereceu para emprestar-lhe US$ 300. Packer também havia gastado US$ 78 na loja de produtos em geral Otto Mears. Mais tarde, várias testemunhas também disseram que ele tinha sido visto em Saguache semanas antes. Ele tinha dito às pessoas de Saguache que ele tinha machucado a perna e caiu tentando alcançar seus companheiros. Ele perguntava a todos se por acaso seus companheiros não tinham passado por lá, e questionava, cinicamente, se eles teriam saído vivos das montanhas. Ao mesmo tempo, estas testemunhas disseram que Packer possuía várias carteiras em sua posse e havia rolos de dinheiro em cada uma. Para o grupo de McGrue, Packer alegou que estava sem dinheiro, e havia vendido seu rifle Winchester ao Major Downer, juiz de paz, por US$ 10 (dez dólares).

Nutter e os outros membros do partido agarraram Packer e ameaçaram enforcá-lo, acusando-o de ter mentido a todos e de ter matado seus companheiros de caravana. O General Adams, chefe da Agência indiana Los Pinos, entrou em cena na hora certa para salvar Packer.


À direita, em pé, o General Adams. Da direita para esquerda, sentado, o Índio Chefe Ouray.
Depois de ser interrogado sob a supervisão do General Charles Adams, finalmente, no dia 8 de maio, ele escreveu a punho sua confissão e assinou. Esta foi a primeira de várias versões que Packer iria dizer durante o resto de sua vida.

"O Velho Swan (Ps.: 65 anos) morreu primeiro e foi comido pelas outras cinco pessoas, cerca de dez dias depois de sairmos do acampamento. Quatro ou cinco dias depois Humphreys morreu e também foi comido; ele tinha cerca de cento e trinta e três dólares (US $ 133). Eu encontrei seu livro de bolso e peguei o dinheiro. Algum tempo depois, enquanto eu estava carregando madeira, Miller foi morto, acidentalmente, como os outros dois me disseram e ele também foi comido. Bell atirou em "California" com a arma de Swan e eu matei Bell, antes que ele também me matasse. Eu cobri os restos e levei um pedaço grande de suas carnes comigo. Em seguida, viajei catorze dias para a agência. Bell queria me matar com seu rifle, mas atingiu uma árvore e quebrou sua arma. ”

Trecho da primeira confissão de Packer
Segundo esta versão, Packer afirma que um por um, os homens passaram fome e morreram ao longo da trilha, até que sobraram apenas ele e Bell e que estava caçando quando Bell matou Noon com a arma de Swan. Quando Packer retornou ao acampamento, ele e Bell terminaram de comer ao meio-dia. Então, supostamente, Bell teria decidido eliminar Packer, mas uma luta se seguiu, onde Bell levou a pior.

Após assinar a confissão, Packer foi forçado a levar os investigadores em uma busca através das montanhas para tentar localizar os corpos. Packer, naturalmente, levou-os para o lugar errado e nada foi encontrado. No entanto, ninguém acreditava na história dele e, de qualquer maneira, ele foi preso e encarcerado na prisão de Saguache, esperando uma investigação mais aprofundada.

Em agosto daquele ano, um artista da revista semanal Harper, chamado John Randolph encontrou cinco conjuntos de restos humanos logo acima da margem do Lago Fork em Gunnison, a alguns quilômetros do que é agora Lake City. Parecia que um deles tinha entrado em uma luta, mas os outros tinham sido mortos durante o sono. Dois dos corpos tinha pedaços de carne cortada deles, um do peito, e o outro da coxa. Ele desenhou tudo em detalhes e, em seguida, foi para a cidade e relatou sua descoberta. Bem diferente do relato de Packer, eles não tinham caído um por um, espalhados ao longo da trilha, mas foram todos mortos em um acampamento e não havia sinais de luta.


Desenho da suposta cena do crime, feito por John Randolph para a Revista Harper.
O Coronel de Hinsdale County reuniu 20 homens como testemunhas e correu para o local para fazer um inquérito. Todo mundo deu uma boa olhada nos corpos e, em seguida, enterraram os restos juntos em uma encosta com vista para o local da descoberta. Logo eles correram de volta para a cidade para enfrentar Packer com suas mentiras, mas descobriu que ele tinha sido ajudado a escapar da prisão Saguache (em uma versão posterior da história, Packer afirmou que o xerife sentiu pena dele e o deixou escapar). A prisão naquele tempo era pouco mais que uma cabana de madeira.


Foto antiga da Prisão de Saguache, de onde Alferd Packer fugiu.
Packer se escondeu durante nove anos sob o nome de John Schwartze mas, finalmente, em Fort Fetterman, Wyoming, um membro do partido original de Packer, que tinha começado com ele de Utah (um sujeito chamado Frenchy Cabizon) reconheceu a risada de Packer em um bar e o denunciou. Ele foi imediatamente detido e transportado de volta para Lake City para julgamento, em 11 de março de 1883. Um grande júri se formou contra ele pelo assassinato de seus cinco companheiros.

Mais uma vez o General Adams supervisionou o interrogatório e o convenceu a fazer sua segunda confissão, que ele assinou em 16 de março. Mas em vez de afirmar que os homens gradualmente mataram uns aos outros para sobreviver, como tinha dito na primeira confissão, desta vez, ele disse que o grupo tinha deixado o acampamento do chefe Ouray com apenas 7 dias de provisões de alimento. Dez dias depois, durante a viagem, eles estavam sobrevivendo alimentando-se de botões de rosa e resina de pinheiro e alguns dos homens estavam mostrando sinais graves de depressão e loucura. Um dia Swan disse a Packer para subirem em uma montanha e acabaram saindo da trilha, ficando perdidos a partir daí. Alguns dias depois, Packer havia saído para caçar e quando retornou ao acampamento encontrou Bell sentado junto ao fogo, assando um pedaço de carne da coxa de Miller. Ao se aproximar, Bell pegou o machado e veio para cima dele com a intenção de matá-lo. Em auto-defesa, Packer atirou em Bell, no estômago e caiu. Foi quando Packer pegou o machado e golpeou Bell na cabeça para acabar com ele.


Lake Fork, local que eles percorreram e onde tudo aconteceu.
Packer afirmou que todos os dias depois disso, ele tentou sair do campo horrível, mas foi parado pela profundidade da neve. Assim, a cada dia ele comia um pouco mais de seus companheiros, sobrevivendo dessa maneira por cerca de dois meses. Finalmente, ele arrumou uma arma, US$ 70 que tinha encontrado nos corpos, vários pedaços de carne humana e saiu em sua jornada para Los Pinos. Ele disse que comeu os últimos pedaços que estavam com ele pouco antes de alcançar a Agência. Ele também admitiu que ele havia enganado os policiais durante a busca pelos corpos em 1874, porque não queria chegar perto daquele local macabro e que ele escapou da prisão de Saguache usando um canivete como chave. Ele também contou que fugiu primeiro para o Arkansas e, em seguida, para o Arizona antes de ir para Wyoming, onde foi pego.

Em 6 de abril de 1883, o primeiro julgamento começou em Lake City, Colorado, no tribunal Hinsdale County. Quando pôde defender-se, passou mais de duas horas contando algumas novas mentiras: mentiu sobre sua idade, a natureza de seu serviço militar, a causa de sua epilepsia e o fato de ter sido dispensado do Exército por duas vezes, negou ter matado aqueles homens, exceto Shannon Bell, que ele afirmou ter matado em auto-defesa. Sete dias depois Packer foi considerado culpado de assassinato premeditado. Foi condenado à morte por enforcamento.


Desenho ilustrativo representando Alferd Packer com a ideia de matar a todos e se alimentar deles.

Primeira foto tirada de Alferd Packer na Penitenciária e ao lado, anotações sobre ele.
De acordo com um jornal local, o juiz-presidente, MB Gerry, disse: "Levante-se filho da puta voraz devorador de homens e receba sua sentença. Quando você veio a Hinsdale County, haviam sete democratas oficiais. Mas você, comeu cinco deles, seu porra. Eu o sentencio a ser enforcado pelo pescoço até vê-lo morto, morto, morto, como o verme que reduziu a população deste concelho. Packer, você é um Republicano Canibal, e eu o sentenciaria ao inferno, mas os estatutos me proíbem. " No entanto, registros das gravações do tribunal, revelam que a fala do Juiz Gerry foi muito mais educada, e a citação acima representaria obviamente o sentimento das pessoas da época. Gerry sentenciou Packer a ser enforcado em 19 de maio de 1883, um mês depois do julgamento.


Segunda fotografia tirada na prisão
Mas em outubro de 1885, Packer ainda continuava preso, utilizando-se de todos os recursos legais de apelação disponíveis, e a sentença de enforcamento acabou sendo revertida pela Suprema Corte do Colorado, baseada em uma lei “pós-fato”, onde Packer não poderia ser condenado por um crime de Estado já que o Colorado não era um estado no momento do incidente. Um novo julgamento em Gunnison, a 48km de Lake City, se instaurou e em 8 de junho de 1886 e aconteceu da mesma forma que o anterior, só que desta vez, ele foi acusado de homicídio voluntário. Ele foi condenado a 40 anos (oito anos para cada assassinato), na época, a mais longa pena de prisão na história dos EUA. O termo "Canibalismo de Emergência" tornou-se popular no Ocidente, expressando que Packer não teve a intenção premeditada de cometer aqueles crimes, que tudo o que ocorreu foi obra do acaso na emergência da fome que os castigava e que todos estamos sujeitos a isso. Dizem que o Juiz fez de Packer um exemplo de nossa fragilidade ao depararmos com nosso instinto animal de sobrevivência às adversidades impostas pela natureza.

Muitos afirmam que Packer é o único homem em nos EUA julgado por canibalismo. Na realidade, ele só foi julgado por assassinato e homicídio culposo. Ele nunca foi julgado por canibalismo.


Uma descrição do segundo julgamento de Packer em 1886

O mapa das viagens de Packer, que foram apresentados no seu segundo julgamento.
Em agosto de 1897, após pouco mais de 14 anos de prisão, Packer escreveu uma longa carta a um repórter no Rocky Mountain News. Nessa carta, que foi posteriormente publicada, Packer disse ainda uma outra versão, mais detalhada e ainda mais contraditória de sua história.

Poly Pry, do jornal Denver Post
Mas, apesar de tudo, Packer tinha vários admiradores: Poly Pry, por exemplo, uma jornalista influente gerada pelo clima político do Colorado, assumiu a causa de Packer, acreditando ser ele inocente. Ela convenceu seu jornal, o Denver Post, a publicar seus artigos de apoio Packer.

Toda essa publicidade gerada por vários jornais da época, logo chamou a atenção do governador que emitiu a liberdade condicional em 07 de janeiro de 1901. Packer já contava seus 59 anos e sofria da "Doença de Bright", hoje conhecida como Insuficiência Renal Crônica, consequência da hipertensão grave.

Ele saiu da cadeia em 8 de Fevereiro de 1901 e tentou trabalhar no "Sells Floto Circus" em apresentações de Sideshow Freak, conhecidos como Show de Aberrações ou Show de Horrores (Grifo meu: será que ele queria se apresentar como "O Famoso Canibal do Colorado", sendo ele mesmo o protagonista do show de horrores que cometeu em 1874?). Não sendo aceito pelo circo, passou a trabalhar como guarda no Correio de Denver.


Banner do Circo em que Packer quis trabalhar
Pouco tempo depois, ele se mudou para Littleton, Deer Creek Canyon no Condado de Jefferson e passou o resto de sua vida gerenciando duas minas e cuidando de suas doenças de estômago e fígado. Vizinhos disseram que ele era um homem gentil e que adorava carregar crianças no colo e contar a elas as histórias de suas façanhas nas montanhas.

Packer tentou, sem sucesso, ter sua liberdade condicional comutada para um perdão completo nos anos após a sua libertação. O governador, acreditando que Packer era culpado, mas muito doente para ser preso novamente no início do século XX, se recusou.

Ele morreu de um acidente vascular cerebral em 24 de Abril, 1907, com 65 anos, e como recebia uma pensão militar por invalidez de US $ 25 por mês, foi enterrado às custas do governo, como veterano da Guerra Civil, recebendo todas as condecorações possíveis. De acordo com o jornal local de Littleton, The Independent, suas últimas palavras foram: "Eu não sou culpado das acusações." Há rumores de que Packer teria se tornado vegetariano antes de sua morte. Ele foi enterrado no cemitério de Littleton dentro do "Círculo dos Veteranos," um local com sepulturas dispostas em torno da bandeira que homenageia os veteranos honrados desde a Guerra Civil até da II Guerra Mundial. Sua lápide foi fornecido à custa dos contribuintes em nome de uma nação agradecida, e lista, em seu epitáfio, o regimento original, de quando serviu à Nação em 1862.

Dizem as más línguas que Alferd Packer sempre dizia que "foi a carne mais saborosa que ele já havia experimentado em toda sua vida" e que os mamilos tem um sabor particularmente exótico e alucinante.


O problema principal com a defesa de Packer foram suas frequentes mentiras, o júri foi reticente em acreditar na última versão de sua história. E o fato de que ele havia fugido da justiça por nove anos não foi entendido como atitude de um homem inocente. Além disso, muitos ficaram perturbados com a sua admissão ao canibalismo. O canibalismo era um pecado que poderia ser perdoado se um homem encontrava-se em circunstâncias desesperadas, mas se ele os matou para, egoisticamente, sustentar-se de seus restos, isto era imperdoável.

Memorial das Vítimas


O local onde todo o horror de 1874 aconteceu tornou-se um memorial em homenagem às vítimas e também um marco histórico e turístico para todos aqueles que querem aprofundar-se em sua incrível história. Veja as fotos.






Tradução: "Esta placa foi erigida em memória de Israel Swan, George Noon, Frank Miller, James Humphreys e Wilson Bell, que foram assassinados no início do ano de 1874, enquanto pioneiros de recursos minerais de San Juan.

Placa que fica ao lado do memorial das vítimas.
Investigações Recentes


Em 17 de julho de 1989, 115 anos após Packer supostamente ter consumido seus companheiros, uma exumação dos cinco corpos foi realizada por James E. Starrs, que foram analisados pelo Professor Walter H. Birkby, especializado em ciência forense na Universidade George Washington. Após uma busca exaustiva para a localização precisa dos restos em Cannibal Plateau em Lake City, Colorado, Starrs e seu colega concluiram: "Eu acho que nunca vai ser possível demonstrar cientificamente o canibalismo, a menos que tivéssemos uma imagem do cara realmente comendo. " Com objeções de outros cientistas, investigadores forenses, e estudantes, Starrs concluiu que Packer era uma mentira, ele nunca havia sido um assassino canibal. Um de seus investigadores observaram que um dos esqueletos tinha uma ferida de bala, mas mais tarde, concluiu-se que o furo foi feito por um animal.


Foto da perícia no dia da exumação dos corpos das vítimas de Alferd Packer.
James E. Starrs, educador nas áreas de direito e ciência forense. Usa tecnologia avançada e testes de DNA em suas pesquisas claramente baseadas em Exumações de Cadáveres. Autor do livro "A Voz da Morte" ("A Voice for the Dead"), em cuja dedicatória, ele escreve: "Para aqueles cujas vozes ainda não foram ouvidos, mas merecem ser."

Walter H. Birkby, antropólogo forense, carinhosamente conhecido como "Dr. Morte", usa seus conhecimentos profundos sobre o esqueleto humano para resolver crimes e identificar pessoas. Faleceu aos 83 anos, em 2015.
Não satisfeito com as conclusões de Starrs, em 1994, David P. Bailey, curador de História, no Museu do Colorado, empreendeu uma investigação para conseguir resultados mais conclusivos. Na coleção Audrey Thrailkill de armas de fogo de propriedade do museu havia um revólver Colt que supostamente havia sido encontrado em 1950 no acampamento de Packer e seus companheiros, por um estudante de arqueologia. O revólver Colt possuía cinco câmaras balísticas e duas delas estavam vazias, enquanto as outras três ainda continham balas, o que coincidia perfeitamente com a história contada por Packer em sua versão final, em que ele dizia ter atirado duas vezes no abdômen de Bell. O Colt encontrado era um revólver policial, modelo de 1862, que era popular entre os garimpeiros por causa de seu baixo custo. A pistola estava oxidada e o punho de madeira tinha apodrecido.


Colt encontrado na cena do crime
Através de sua pesquisa, Bailey descobriu um diário de um veterano da Guerra Civil, que descreveu a cena do crime. A revista, que não tinha sido apresentada como prova durante o julgamento, diz que os investigadores descobriram que dois tiros foram disparados no local, ambos contra Shannon Bell. Todos os outros haviam sido mortos por uma machadinha. Uma das balas penetrou a pelve de Bell e um buraco correspondente foi encontrado em sua carteira. Após uma investigação exaustiva sobre o revólver, tudo parecia corroborar com a alegação de Packer que Bell tinha matado as outras vítimas e que Packer atirou em Bell em legítima defesa.


Foto do Dr. Richard Dujay (à esquerda) e David P. Bailey (à direita), comemorando suas conquistas nas investigações.
Em 2001, Bailey trabalhou com o Dr. Richard Dujay da Faculdade "Mesa State College" em Grand Junction. Dujay estava no comando do microscópio eletrônico da faculdade e juntos examinaram os restos de Shannon Bell. Eles descobriram fragmentos de bala nos restos de Bell que possuíam uma correspondência exata com uma amostra retirada de uma das balas restantes na câmara do revólver. Também encontraram resíduo de pólvora na roupa de Bell corroborando a história de Packer que ele havia atirado em Bell à queima-roupa depois de ser atacado. Mas embora tenham conseguido provar que Bell foi morto por um tiro, a questão de saber se foi assassinato ou legítima defesa ainda permanece sem resposta.


Fotos da arma de Alferd Packer, uma das balas retiradas do canhão e sua marca entalhada na haste do revólver.

Foto do Museu Curador, quando o caso foi aberto novamente em 1999, após recuperar o revólver Colt com o qual Packer teria matado Bell
Em 14 de setembro de 2002, com "um toque melodramático", uma simulação de julgamento foi realizada no histórico Teatro da Câmara Municipal de Littleton. Bailey e Dujay, fantasiados à caráter, segundo a moda do século XIX, serviram como testemunhas especialistas e um ator representou Alferd Packer. A audiência, que serviu como o júri, devolveu o veredicto de "não culpado".

No entanto, nem todo mundo que tinha examinado as provas concorda. Muitos ainda enviam Packer ao carrasco, dado a diversas interpretações dos factos descobertos. Assim como o Pé Grande, o assassinato de Kennedy, e o pouso na Lua, a história de Alferd Packer vai ser continuamente refutada em ambos os lados. Packer será sempre conhecido como canibal de Littleton.

Cultura Popular


No início de 1960, o cantor folk “Phil Ochs” escreveu a canção "The Ballad of Alferd Packer", documentando os eventos da expedição e suas consequências.



Em 1968, os estudantes da Universidade de Colorado Boulder chamaram seu novo Café-Churrascaria de "Alferd G. Packer Memorial Grill", com o slogan "Ter um amigo para o almoço!" O relatório anual Philadelphia Folk Festival apresenta uma tenda de jantar estampada com os dizeres: "The Alfred E. Packer Memorial Dining Hall ... servindo a humanidade desde 1874".






Em 1990, a artista country CW McCall gravou uma faixa em seu álbum The Real McCall intitulado "Coming Back for More ", que reviveu a lenda e deu a entender que o fantasma de Packer ainda assombra Lake City.

Em 1990, a banda de Death Metal Cannibal Corpse dedicou seu álbum de estreia, “Eaten Back to Life”, à Packer. "Este álbum é dedicado à memória de Alfred Packer, o primeiro americano canibal (RIP)"




Macabre, uma banda de Murder-Metal de Chicago, lançou uma música sobre a caminhada de Packer para o ouro chamada "In the Mountains" (que lembra muito a balada de “Fulano é um bom companheiro...”) de seu álbum: Morbid Campfire Songs (2002).



Em 1993, estudantes da Universidade do Colorado Trey Parker e Matt Stone, que algum tempo depois seriam os co-criadores de South Park, fizeram um filme chamado “Cannibal! O Musical”, vagamente baseado na vida de Packer.


Adaptações de filmes menos conhecidos incluem "The Legend of Alfred Packer" (1980) e o filme de terror, "Devored: The Legend of Alferd Packer" (2005).


Atualmente há uma banda chamada “The Alferd Packer Memorial String Band”, que busca retratar o período.


Uma frase interessante para terminar esta postagem:

"Aqueles que não conhecem a história estão destinados a repeti-la." Edmund Burke (1729-1797)

Fontes: