segunda-feira, 19 de março de 2018

O segredo do Lago Nemi


O lago Nemi é um local próximo a Roma onde foram, no século XI, encontrados vestígios de duas embarcações que se acreditava serem da época do Império Romano. Após várias escavações que ocorreram durante séculos, esse lago, sob ordens de Mussolini, passou a ser drenado. A drenagem fez vir à tona duas enormes embarcações, que suscitaram novas pesquisas acerca da construção naval romana, além de estudos sobre a escavação destas. Além disso, ela revelou, também, que ambas as embarcações eram de grande luxo, possuindo colunas de mármore e mosaicos como piso, entre outros. Depois que as bombas pararam de funcionar, um museu foi construído na região e, durante a Segunda Guerra Mundial, os barcos foram queimados por alemães.

No início do século XV, o humanista Flavio Biondo, em suas obras histórico-geográficasRoma instarurata e Italia illustrata, comenta a existência de alguma coisa muito antiga sob as águas do lago. Em 1464, Leon Battista Alberti, realizou algumas sondagens e recuperou alguns objetos que o permitiram afirmar que deveria tratar-se de um naufrágio.

As primeiras tentativas de resgate foram realizadas por Francesco De Marchi em 1535, utilizando um tipo de escafandro por ele inventado. Mais alguns objetos foram recuperados nesta tentativa.

Houve então uma lacuna e, apenas em 1895, o antiquário Eliseo Borghi realizou algumas explorações que lhe permitiram trazer a tona algumas peças de madeira e o primeiro objeto de bronze: parte de um timão. O resgate continuou e mais objetos foram recuperados, incluíndo os cabeços de amarração em bronze com formato de cabeça de animais reproduzidos aqui nas margens. Todos os objetos confirmaram a existência de pelo menos uma embarcação submersa.

Com a exposição do que foi resgatado no Museu Nazionale Romano, o Ministero della Pubblica Istruzione (um nosso Ministério da Cultura) decidiu realizar prospecções mais detalhadas. Trabalhos estes que culminaram com a confirmação da existência não de uma mas sim de duas embarcações romanas afundadas.

A primeira delas estava a cerca de 50 metros da margem numa profundidade que variava dos 5 aos 12 metros e, a segunda localizada a cerca de 70 metros da margem e a uma profundidade variando dos 16 aos 21 metros.

Decidiu-se pela remoção das embarcações mas, só depois de muitos anos, em 1928, foi decidido o método a ser utilizado para tal: o lago seria parcialmente esvaziado.

Com o apoio financeiro e logístico de industriais e de sociedades, foi utilizado um antigo aqueduto romano para auxiliar nos trabalhos. Todos os processos iniciaram-se no dia 20 de Outubro de 1928. Apenas em 28 de Março de 1929, quando o nível do lago havia baixado em 5 metros, a primeira embarcação começou a surgir. A segunda só despontou no dia 30 de Janeiro de 1930.

O esvaziamento parcial do lago terminou em Outubro de 1932 e calculou-se que foram retirados cerca de 50.000.000 de metros cúbicos de água.

As embarcações que surgiram tinham as seguintes medidas:

A primeira (prima nave) 71,30 X 20 X 3,5 e a segunda (soconda nave) 73 X 24,4 X 2,7. Ambas movidas por uma fileira de remos de cada lado. A primeira embarcação possuía características de uma embarcação militar pois tinha dois lemes na popa e possuía o esporão na proa.

Após grandes discussões sobre sua data, chegou-se a conclusão que haviam sido construídas sob o governo de Calígula e uma foi construída para ser um templo à Diana e outra como um palácio flutuante.

Além da grande quantidade de objetos recuperados, as próprias embarcações permitiram um enorme estudo sobre a construção naval romana do séc. I d.C.

Ambas foram instaladas num museu e durante mais de uma década puderam ser apreciadas até que na noite do dia 31 de Maio de 1944 um incêndio, destruiu o museu e as duas embarcações.

O museu foi reconstruído em 1953 e abriga os objetos que haviam sido resgatados e 2 quilhas.

Recentemente foi fechado um acordo entre diversas empresas para construir réplicas em tamanho natural para novamente serem abrigadas pelo museu.

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