Para o primeiro RPG indicado nos Escritos Lendários, não há escolha melhor que Castelo Falkenstein.
Mesmo com dragões, anões, duelos e magia, elementos comuns de um RPG medieval, Castelo Falkenstein está longe de ser comum, ainda mais porque não é uma fantasia medieval, seu cenário é de uma Era Vitoriana alternativa e steampunk, misturando magia, dragões e tecnologia à vapor.
Escrito por Mike Pondsmith (autor de Cyberpunk 2020), e lançado em 1994 pela R. Talsorian Games e em 1998 no Brasil pela Devir. Porém segundo o próprio livro, o autor não seria Mike, e sim Tom Olam, seu amigo, criador de jogos eletrônicos, que estava desaparecido há dois anos, mas que na verdade foi magicamente transportado para essa Terra alternativa, do qual ele chamou de Nova Europa, e assim Tom descreve seu fascínio e aventuras por essa Era Vitoriana mágica e consegue enviar de volta para que Mike publique o livro.
O mundo de Castelo Falkenstein é, segundo Tom, como a Era Vitoriana deveria ter sido, uma realidade de Alta Magia vivendo ao lado de invenções bizarras saídas de uma Revolução Industrial alucinada.
Repleto de criaturas fantásticas, desde ninfas e kobolds até a Corte Seelie, descendentes dos Filhos da Deusa Dana, liderados por Lorde Auberon, que há tempos enfrenta seus antagonistas, Fomorianos sobreviventes, que formam a Corte Unseelie e querem a destruição da humanidade.
Nesse mundo, personagens como Sherlock Holmes, Conde Drácula, Capitão Nemo entres outros, convivem tanto com personalidades históricas quanto seus próprios autores. E as obras por sua vez deixam de ser meros livros de ficção, como por exemplo Lewis Carrol que descreve realidades alternativas em seu livro. Dessa forma, esse livro apresenta um mundo glamoroso, aristocrático, de aventuras e repleto de magia e tecnologia avançada à vapor.
Castelo Falkenstein é singular em diversos aspectos, desde seu universo, até suas regras de jogo e composição do livro. Dividido em duas partes, a primeira alterna descrições de Tom sobre esse mundo fantástico com suas aventuras pela Nova Europa. Com páginas coloridas e recheadas de belíssimas ilustrações em aquarela de Willian C. Eaken. Enquanto que as regras do RPG se encontram em páginas preto, branco e cinza, com folhas mais grossas. E isso é um a mais para a imersão desse universo, já que o leitor pode ler a parte da narrativa e descrição sem se preocupar com as regras.
Apesar que mesmo assim as regras também são criativas e se encaixam perfeitamente no contexto do livro. O protagonista, Tom Olam, em uma festa da nobreza neo-européia apresenta ao Príncipe de Gales e seus anfitriões um jogo de seu mundo natal, o RPG, eles ficam fascinados, mas nesse mudo algumas coisas tem que mudar, e assim, dados foram dispensados, pois isso é “coisa da ralé”, no lugar deles, os jogadores utilizam cartas de baralho. Além disso não é possível ter fichas de personagens, e assim o jogador deve descrever seu personagem contando como em um diário, colocando suas vantagens, habilidades, e defeitos, mas sem números, apenas dizendo se é um Bom Atirador, um Ótimo Diplomata, ou um Médio Artesão. E assim, junto ao Príncipe, Tom escreve o Grande Jogo.
Castelo Falkenstein é um RPG que foca em ambientação e interpretação, em uma época que isso ainda estava começando, e isso somado ao estilo criativo e fantástico que sai do convencional medieval de jogos anteriores e nem cai para o gótico que surgia nessa época.
Infelizmente suas edições estão esgotadas há um bom tempo, então é preciso correr em sebos, mas há boatos de um provável relançamento previsto para esse ano de 2017.
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