segunda-feira, 13 de março de 2017

Os Extraterrestres e a Teologia

Alguns dizem que esta escultura mostra um notebook extraterrestre…(Lápide de uma mulher e seu escravo, Grécia, 100 A.C., , Getty Villa, EUA, tirada por Wolfgang Sauber; Fonte, Wiki Commons, CC BY SA 3.0).
Parece-me interessante que ao navegar na Internet à procura de informações sobre a vida alienígena, sempre me deparo com algum site católico comentando sobre esta possibilidade e como isto não afetaria o dogma da Igreja.  Ultimamente não tenho encontrado outras religiões comentando tanto quanto a este respeito. Posso estar enganado, mas será que há algo que o Vaticano sabe e que ainda não contou para nós, mas está nos preparando para tal?
Veja abaixo um artigo encontrado no site católico patheos.com, que trata (novamente) deste assunto:
Estou completamente fascinado com a questão, “Há alguém lá fora?”
–Pe. Brian Reedy SJ
A Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) capturou a atenção e imaginação de uma audiência global no final do mês passado, quando seus cientistas anunciaram a descoberta de sete planetas orbitando uma estrela batizada de TRAPPIST-1 (um acrônimo para Transiting Planets and Planetesimals Small Telescope). Estes planetas estão a um mero 40 anos-luz da Terra, todos os quais possuem o tamanho da Terra, e três deles estão na zona habitável, o que significa que suas posições relativas à sua estrela mãe sugere que podem ter água no estado líquido, e temperaturas capazes de sustentar a vida, tal como a conhecemos.
As manchetes foram sensacionalistas: algumas quase anunciando a descoberta de inteiras civilizações alienígenas; a maioria se aproveitando do momento para vender suas edições, com variações sobre o tema como, “‘Incredible’ Star System Could Hold Life“ (Sistema Estelar Incrível Pode Ter Vida), e com histórias de acompanhamento anunciando, “The Prospects for Life on TRAPPIST-1 Keep Getting Better” (Os Perspectivas para a Vida em TRAPPIST-1 Continuam a Melhor) e “Soon, We’ll Know if there’s Life on TRAPPIST-1’s Exoplanets“ (Logo Saberemos Se Há Vida nos Exoplanetas de TRAPPIST-1).
O interesse não é somente científico, mas também teológico, com um jornal eletrônico de assuntos católicos, Crux, na língua inglesa, segurando seu fôlego enquanto perguntava, “Could Catholicism Handle the Discovery of Extraterrestrial Life?” (Poderia o Catolicismo Lidar com a Descoberta de Vida Extraterrestre?)
O fato é que tal especulação não é nova, nem controversa.
Os gregos antigos se dividiram nesta questão, a qual eles trataram como uma coisa científica especulativa; a literatura árabe no alto período islâmico entreteve a ideia em ficção (de forma notável na parte das “Aventuras de Bulokiya” das “Noites das Arábias”, nos contos da 486ª à 537ª noite; Nicholas of Cusa abertamente especulou que alguns corpos celestes, pelo menos, quase que certamente seriam habitados; C.S. Lewis escreveu uma Trilogia Espacial no meio do último século.
O melhor ponto de partida para reflexão sobre a fascinação do mundo antigo com este tópico é o The Extraterrestrial Life Debate: Antiquity -1915 – A Source Book, (O Debate Sobre a Vida Extraterrestre: Antiguidade -1915 – Uma Fonte) Editado por Michael J. Crowe.
E assim, se você está se perguntando se a descoberta de vida extraterrestre apresentará um desafio para dogmas básicos da fé católica, então a resposta é que não apresentará um problema real.  Não há nada novo (sob o Sol) sobre as questões de que tal descoberta poderia produzir.
Porém, a recente descoberta oferece uma ocasião para pensarmos seriamente e fazermos perguntas desafiantes sobre a vida, o Universo, e nosso lugar nele…
O Padre Brian Reedy conclui:
Se eu aceitar o fato de que não há ninguém lá fora, então – meio que racionalmente – sentiríamos falta deles, e nos sentiríamos sós…
Primeiro: a ciência por detrás da descoberta é, por si mesma, impressionante.
Padre Brian Reedy, um biofísico, que – junto com seus alunos na Escola Preparatório Cristo Rei, em Houston, no Texas – projetou experimentos que têm sido conduzidos a bordo da Estação Espacial Internacional, e atualmente ele está para obter um PhD em Teologia Moral na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, explicou:
O que realmente sabemos é fruto de dedução: é modelado a partir de dados.
Não os vimos, e não os veremos por algum tempo, porque eles estão muito distantes. O que vemos são mudanças na intensidade das estrelas.
Somente pense na complexidade para focar no sinal firme, procurando por variações. Há muitas coisas para se maravilhar nesta história… a própria ciência é fascinante.
Ele também se refere às questões que a descoberta propiciará na intercessão da religião com a ciência, inclusive como poderíamos compartilhar o Evangelho com uma raça extraterrestre, por que poderíamos compartilhá-lo e para que finalidade; se os alienígenas poderiam ser capazes de incorporar no Corpo de Cristo, tanto como uma questão de eclesiologia quanto de economia sacramental; e que orientações poderiam haver para uma eventualidade na história da Igreja e na tipologia das escrituras.
O Padre Reedy oferece algumas respostas surpreendentes e desafiadoras, especialmente com respeito ao desejo de saber, de uma vez por todas, se estamos sós no Universo. Ele disse:
Eu acho que – eu diria que há duas causas para isso: uma é somente curiosidade natural – como, quando você olha para o espaço, e você vê sua vastidão, e você vê todas estas pequenas estrelas e que todas elas podem ter planetas – e você imagina, ‘Há alguém lá fora? e este é um tipo de questão.
‘Estamos sós no Universo?’  Este é um tipo diferente de questão diferente. ‘Há alguém lá fora?’ Eu me relaciono a isso fortemente. ‘Estamos sós no Universo?’, eu não me relaciono com esta questão, e penso que – parcialmente – a coisa que está faltando é que, na civilização ocidental agora vivemos num tipo de Universo forçosamente depopulado.  Para a mente medieval, a criação era profundamente populada com outros seres, seres espirituais: assim a média cristã acreditava ter um anjo da guarda, que era realmente um companheiro racional dele e de sua vida, e acreditava em seres angélicos e coisas assim, que populavam o Universo; mas também, o tipo de sentido real de ir à missa e saber que toda a comunhão de santos estava presente com você na hora da missa.
Ele ainda apontou, em referência estrutura gramatical encontrada em textos de oração impressos no missal:
Há ainda os plurais. Mesmo se o sacerdote for forçado a rezar a missa sozinho, por não haver uma congregação, ele ainda usa os plurais, porque ele ainda sabe que todos estão ali – assim, você não está só – você nunca está só – e assim eu não me relaciono àquela [questão] porque acho que a dimensão ‘Estamos sós?’ esta vindo parcialmente do fato que nosso Universo ter sido tão radicalmente depopulado, e relativamente em tempos recentes.
Acredito que estamos naturalmente sintonizados com a verdade, e acredito na comunhão dos santos e nos seres espirituais, e assim, portanto, penso que temos um sentido de que eles estão lá.
São colocações interessantes, mas se o Universo é populado por seres espirituais, quem está pilotando os discos voadores?  Certamente o Padre Reedy não quis dizer que há somente seres espirituais lá fora, mas sim que a igreja católica está, desde sempre, acostumada a lidar com coisas extraterrestres.
Tomara que todas as outras religiões também aceitem de forma natural quando a verdade vier… e ela virá, pode ter certeza.

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