Nenhum lugardo mundo já gerou tanta especulação eteorias extravagantes como as enormes e solitárias pedras que permanecem eretas desafiando-nos com o seu mistério. Nem mesmo o triângulo das bermudas…
A simples visão da estrutura não usual do antigo monumento de Stonehenge intriga a todos aqueles que o conhecem. Afinal de contas, quem o fez e para que?
Stonehenge foi construída entre 3100 e 2000 antes de Cristo na planície de Salisbury, em Wiltshire na Inglaterra. Este monumento megalítico já foi escavado, medido, pesquisado, já o fotografaram com raios X e, a despeito de tudo isto, o seu propósito ainda permanece um dos grandes mistérios do mundo. Quase tudo já se disse sobre Stonehenge. Teorias e “teorias” em profusão tentam explicar algo que nos intriga. As três perguntas de sempre: quem, por que e para que, continuam desafiadoras embora muito já tenha sido aprendido sobre a sua idade e construção. As teorias sobre quem construiu este monumento são uma homenagem à imaginação do ser humano: elas vão do discurso sério de pesquisadores em arqueoastronomia até os mais inacreditáveis absurdos, ditos também com a maior seriedade (ou cara-de-pau). Druidas, gregos, fenícios, antigos moradores docontinente desaparecido da Atlântida, extraterrestres, a escolha é sua.
Para que serve este monumento? Sacrifício humano, altar mágico, observatório astronômico, observatório meteorológico, passagem para outras dimensões, entrada para o centro da Terra, etc. Como se pode ver a imaginação humana é imbatível. Muito se escreveu, mas o que se sabe sobreStonehenge está resumido a seguir. Aliás, não se aborreça por não encontrar muitas conclusões. As dúvidas sobre Stonehenge ainda são muitas.
Olhando Stonehenge
Nesta incrível visão aérea de Stonehenge, verifica-se que este monumento é formado por círculos concêntricos. Na verdade a área total de Stonehenge vai muito mais além da marcante construção de pedras no centro da figura. A marca no chão mostra que aqueles que o construíram, utilizavam uma enorme área desta planície para a realização de seus intentos. O enorme bloco de pedra situado bem acima da figura, à margem da estrada pavimentada, também faz parte de Stonehenge. Ele é chamado de “heel stone”.
Esta outra foto, bem mais antiga, mostra Stonehenge visto por outro ângulo. Aliás, esta foto mostra uma estrada que levava até o monumento, quando era permitido ir até à sua parte interna, o que hoje, felizmente, não é mais possível. Os “druidas” modernos estavam danificando o monumento ao realizarem seus pseudo-rituais de “fogo e magia” antes de irem para casa ver televisão. É possível ver a formidável “heel stone” bem na parte inferior da imagem.
O mapa seguinte mostra toda a estrutura de Stonehenge. Além do conjunto de pedras central que o caracteriza, existem várias outras estruturas, destacando-se um notável anel de 56 buracos que circunda a sua estrutura interna. Estes buracos foram descobertos por John Aubrey no século XVII e são chamados de “Aubrey holes” (os buracos de Aubrey). Estes “buracos” estão bem visíveis na fotografia preto-e-branco mostrada acima.
A pedra distante, mostrada na parte de baixo da fotografia aérea em preto-e-branco, é chamada de “Heelstone. Solitária, ela desafia os arqueólogos. Sua imponência é revelada na fotografia seguinte. No mapa de Stonehenge ela está situada na parte superior. Note o alinhamento dela com a abertura no círculo mais externo de Stonehenge.
Astronomia e Stonehenge
Esta é outra questão bastante polêmica. Enquanto alguns negam qualquer vínculo com a astronomia, e preferem falar de algo místico e secreto, outros transformam o sítio de Stonehenge em um incrível observatório astronômico. Parece que Stonehenge não é nem uma coisa nem outra.
No século XVIII, em 1740, o Dr. William Stuckly, um dos proponentes da teoria de que os Druidas eram os responsáveis por Stonehenge, investigou e mediu este sítio. Ele foi o primeiro pesquisador a sugerir que havia alinhamentos astronômicos nos megalitos de Stonehenge.
No entanto, a ligação histórica entre a astronomia e Stonehenge começa verdadeiramente nas décadas dos anos de 1950 e 1960, quando o engenheiro Alexander Thom e o astrônomo Gerald Hawkins, da Oxford University, criaram, de modo pioneiro, uma nova área de pesquisa, a arqueoastronomia, que nada mais era do que o estudo da astronomia conhecida pelas antigas civilizações do nosso planeta.
Realizando levantamentos precisos em vários anéis de pedra e outras estruturas megalíticas, Thom e Hawkins descobriram vários alinhamentos, que eles consideraram significativos, entre estas pedras. Esta evidência sugeriu a eles que os anéis de pedra eram usados como observatórios astronômicos.
Além disso, estes dois arqueoastrônomos concluíram que os nativos britânicos que construíram estes círculos de pedras revelavam grandes habilidades de engenharia e uma extraordinária sofisticação matemática. Estes conhecimentos teriam sido desenvolvidos pelos nativos antes mesmo das culturas egípcia e mesopotâmia. Segundo estes pesquisadores, cerca de 2000 anos antes que Euclides elucidasse os teoremas do triângulo de Pitágoras e pelo menos 3000 anos antes que o sábio Arya Bhata do século 6 D.C. tivesse “descoberto” o conceito e o valor do número pi, os construtores megalíticos britânicos já haviam incorporado estes conhecimentos matemáticos em seus anéis de pedra. Tudo isto Gerald Hawkins e Alexander Thom escreveram no seu livro “Stonehenge Decoded”, onde eles mostram o grande número de alinhamentos astronômicos que existe em Stonehenge. Isto foi o sinal verde para a imaginação das pessoas.
Embora as descobertas e interpretações de Thom e Hawkins fossem fascinantes, mesmo revolucionárias, eles estavam errados, pois estudos posteriores mostraram que vários alinhamentos que eles observaram em Stonehenge são apenas casuais. Os pesquisadores Aubrey Burl e Benjamin Ray, mais recentemente, realizaram estudos bastante detalhados desta região e moderaram a intensidade (ou delírio) de algumas afirmações mais antigas. Em 1987 Ray disse que: “Hawkins (em 1964) afirmou a existência de 24 alinhamentos solares e lunares em Stonehenge, e propôs a teoria de que o monumento poderia ter sido usado como uma calculadora para prever eclipses. Entretanto, reconhece-se agora que Hawkins estava inteiramente errado sobre o uso possível de Stonehenge como uma máquina calculadora para prever eclipses. E também se concorda que ele superestimou o número de alinhamentos solares e lunares envolvidos…”.
A “descoberta” de alinhamentos astronômicos conhecidos em vários sítios megalíticos tem dado a falsa impressão de um notável conhecimento astronômico por parte dos seus construtores que viviam no final da era neolítica. No entanto, na maioria dos casos “descobertos” a precisão envolvida (que confirma o alinhamento) provém fundamentalmente do investigador, que antecipadamente conhece os alinhamentos relevantes e então os “encontra” no sítio pesquisado.
Afinal, Stonehenge era um templo ou um observatório astronômico? Na verdade parece que o meio termo é mais razoável. Pelo menos parte de Stonehenge pode ter sido um sitio astronômico na idade da pedra. Chamar Stonehenge de “observatório” é forte demais. Tudo indica que, de fato, observações astronômicas podem ter sido realizadas em Stonehenge. Certamente o alinhamento da “heelstone” com o Sol nascente no dia 21 de junho, o solstício de verão, (mostrado abaixo) representa um verdadeiro alinhamento astronômico.
No entanto, estas observações, possivelmente, tinham a intenção de indicar dias apropriados para ciclos rituais que eram realizados durante o ano. Ao que parece a astronomia em Stonehenge era secundária, sendo mais usada a serviço dos rituais do povo que o construiu. A capacidade de Stonehenge em determinar as datas dos solstícios e equinócios é uma prova de sua importância. Os povos antigos sempre tiveram o Sol e a Lua como entidades sagradas, cujos ciclos (aparentes) eram incorporados às vidas destes povos. A conclusão dos estudiosos destas estruturas megalíticas é que Stonehenge, assim como um enorme número de anéis de pedra espalhados por todas as Ilhas Britânicas, era parte sitio de observação lunar/solar e parte estrutura para rituais religiosos.
Porém mais recentemente pesquisadores britânicos propuseram uma nova teoria sobre as origens de Stonehenge : o monumento, ao Sul da Inglaterra, pode ter começado como um cemitério para famílias de elite por volta do ano 3000 antes de Cristo.
Novos estudos de restos humanos cremados escavados do lugar indicam que, antes que o Stonehenge que conhecemos hoje fosse construído, foi erguido um grande círculo de pedra no mesmo lugar, como cemitério.
– Os restos eram de homens, mulheres e crianças, muito provavelmente grupos familiares – disse o professor Mike Parker Pearson, da Universidade College London, que coordenou a equipe desse estudo. – Havíamos pensado originalmente que Stonehenge era um lugar de enterro de uma dinastia de reis, mas parece ter sido como uma comunidade, uma estrutura de poder diferente.
O pesquisador disse que os arqueólogos estudaram os restos cremados de 63 pessoas e acreditam que elas foram enterradas ali por volta do ano 3000 a.C. A localização de muitos dos corpos cremados foi marcada originalmente por dolerites (um tipo de rocha), esse círculo anterior a Stonehenge tinha 91 metros de diâmetro e pode ter servido como lugar para enterrar outras 200 pessoas, segundo Parker Pearson.
Parker Pearson disse que estudos mais recentes indicam que Stonehenge devería ser visto menos como um templo religioso que como uma construção que servia para unir as pessoas de toda a ilha.
A análise dos restos de um assentamento neolítico perto do monumento indicaram que milhares de pessoas viajaram de lugares distantes como a Escócia para Stonehenge, levando com elas suas famílias e seu gado para celebrar os solstícios de inverno e verão.
Os pesquisadores estudaram os dentes de porcos e gado encontrados no “acampamento de construtores” e deduziram que os animais foram sacrificados entre nove e 15 meses depois de nascidos, na primavera. Isso significa que muito provavelmente eles foram comidos nas comemorações.
– Não pensamos que os construtores do monumento viviam ali todo o tempo. Determinamos que quando eles sacrificaram os porcos, estavam celebrando os solstícios – disse Parker Pearson, que considera que os construtores ficaram temporadas para erguer o monumento, mas não por muito tempo, provavelmente durante uma década.
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