No dia 8 de setembro de 1966, estreava pela rede NBC o primeiro episódio de Jornada nas Estrelas, série de ficção científica que propunha um futuro pacífico, unido e voltado para a exploração do espaço. Em meio ao cenário sócio-político e cultural da época, a série era uma produção ousada, mas que não conseguiu resistir às pressões externas, sendo cancelada com apenas três temporadas. Fadada ao esquecimento, como muitas outras produções da época, Jornada nas Estrelas sobreviveu à passagem dos anos através das reprises, conquistando novas gerações. Após o sucesso de bilheteria do filme Guerra nas Estrelas, a série criada por Gene Roddenberry ganhou vida nova, ao ser transportada da TV para o cinema. Na TV, a série original gerou uma versão animada e mais cinco spinoffs, sendo a última ainda inédita. A franquia cinematográfica, depois de passar por um período de hibernação, voltou revigorada e pronta para conquistar uma nova geração de fãs. Poucas séries de TV conseguiram se enraizar tão profundamente no imaginário popular, a ponto de construir um universo próprio reconhecido pelo público (fã ou não). No entanto, devemos nos lembrar que ela não criou uma mitologia do nada. Muitos elementos que são apontados por trekkers (como os fãs da franquia são conhecidos) como originários da série já tinham sido introduzidos na televisão americana. A começar pela ideia de uma Federação dos Planetas Unidos.
Entre 1950 e 1955, a rede ABC exibiu a série Space Patrol, uma produção voltada para o público infanto-juvenil criada por Mike Moser, ex-piloto da Força Aérea que faleceu em um acidente de carro em 1954.A história era situada no Século XXX, período em que cinco planetas (Terra, Marte, Júpiter, Mercúrio e Vênus) se uniram para formar o United Planets of the Universe, uma organização política que tinha o objetivo de manter a paz no sistema solar e explorar cientificamente o universo. O patrulhamento e a exploração espacial eram realizados por uma força militar interplanetária conhecida como Space Patrol. Eles também enfrentavam raças alienígenas que não aceitavam fazer parte da União dos Planetas e elaboravam planos diabólicos para dominar o Universo. Esta série ainda contava com personagens femininas em papéis de igualdade ao dos homens.
A série mergulhou nas questões científicas e sociais de sua época, com episódios bem variados. Eles apresentavam os personagens enfrentando energias que tentavam engolir o universo, clonagem, animação suspensa e viagens no tempo, entre outras situações. Curiosamente, a série ainda mostrou um comunicador portátil, que Jornada nas Estrelas também utilizaria, o qual é apontado como inspiração para o celular.
Ao contrário de Jornada nas Estrelas, ela foi um grande sucesso em sua época, o que levou ao lançamento de diversos produtos agregados, bem como uma versão radiofônica. Produzida ao longo de cinco anos, Space Patrol ofereceu mais de mil episódios. O problema é que a série era transmitida ao vivo e poucos episódios conseguiram sobreviver, graças ao kinescope. Vale lembrar que ela ainda influenciou o surgimento de outras produções infantis, como Rocky Jones, Space Ranger, que apresentava os personagens patrulhando o universo através do United Worlds of the Solar System.
Jornada nas Estrelas também costuma ser apontada como sendo a série de ficção científica que conseguiu tratar de temas sócio-culturais e políticos de sua época, bem como pioneira ao introduzir personagens de outras etnias. Ocorre que, além das diversas produções deste gênero voltados para o público infantil, Além da Imaginação e Quinta Dimensão já tinham assumido a responsabilidade com o público adulto de abordar dentro da ficção científica questões sociais, familiares, morais, éticas e políticas x avanços tecnológicos e modernidade; e a forma como o ser humano se relaciona com a tecnologia e a fé. Além disso, já existiam outras produções que introduziam em seu elenco fixo atores asiáticos e afro-americanos, além de produções com personagens russo, indígenas e latino (no caso cubano). Então, o que faz de Jornada nas Estrelas uma série tão importante na história da TV americana? Para responder, será necessário apresentarmos o ambiente social, político e televisivo da época.
Nos anos de 1960, o público adulto era formado por sobreviventes da 1º e da 2º Guerra Mundial, da Guerra da Coréia, e da grande depressão econômica que teve início em 1929. Eles conheceram o boom econômico da década de 1950 mas, quando a série estreou, os EUA haviam passado pela crise dos mísseis de Cuba e o assassinato de um presidente, e ainda estavam vivendo a Guerra do Vietnã e os movimentos dos direitos civis.
Por sua vez, a televisão iniciou suas atividades adaptando obras literárias, radiofônicas e teatrais (e posteriormente cinematográficas). Em seu primeiro momento, ela era uma extensão do rádio e surgiu com o objetivo de agradar todo mundo, em especial a família tradicional americana. Para tanto, seria necessário oferecer programas que preservassem os valores morais e sociais definidos pelo estado e pela igreja. Mas, acima de tudo, ela era um veículo de entretenimento que estimulava o consumo. Portanto, oferecer programas que insultassem ou criassem animosidade com grupos sociais (especialmente aqueles com poder aquisitivo) não fazia parte dos objetivos dos executivos que atuavam neste meio. Temas se tornaram tabus para a TV, como questões étnicas, religiosas, prática sexual e atos de violência.
Isto não significa que eles não eram debatidos por este veículo. Desde o início da TV as diferenças sociais e étnicas, bem como o questionamento moral dos personagens, fazem parte do DNA das séries americanas. A diferença (vista década por década) está na forma como eles abordam estas questões. No início da década de 1960, o Código Hays, que definia a censura televisiva e cinematográfica, caiu, o que permitiu aos produtores de séries uma liberdade maior na abordagem de temas polêmicos. Foi neste período que as produções dramáticas começaram a adotar um tom mais ríspido em suas críticas sociais.
Aproveitando este momento, membros da National Association for the Advancement of Colored People – NAACP, organização que luta pelos direitos civis do afro-americano, decidiu fazer as pazes com a televisão. Isto porque na década de 1950, quando a série radiofônica Amos ‘n’ Andy foi para a TV, a NAACP condenou a forma estereotipada com a qual o negro era retratado em uma produção que eles consideravam uma validação à segregação de pessoas de cor. A NAACP iniciou então uma campanha junto às agências de publicidade e ao Sindicato dos Roteiristas a qual tinha como objetivo mostrar através de palestras a obrigação que o veículo tinha de incluir a cultura negra. Os primeiros resultados desta campanha foram sentidos em 1963, com a exibição de comerciais estrelados por modelos afro-americanos. Em 1965, um ano após o Ato dos Direitos Civis, estreou Os Destemidos/I Spy, que trazia um ator negro dividindo os créditos e as histórias com um ator branco.
Foi assim que, a partir daquele ano, a TV passou a investir em um número maior de produções que contavam com atores afro-americanos em seu elenco regular, coadjuvante e de convidados, bem como abordar de forma mais aberta e questionadora temas como a discriminação social e questões políticas. Este era o cenário social e televisivo no qual surgiu Jornada nas Estrelas, uma produção que agregou os movimentos que ocorriam ao seu redor, e os temores de uma nação, para mostrar que um futuro melhor seria possível.
Ao contrário de Space Patrol e Rocky Jones (que tinham objetivos didáticos e de entretenimento), Jornada nas Estrelas desenvolveu não apenas uma estrutura organizacional, mas uma ideologia através da Federação dos Planetas Unidos, apresentando a ideia de que o destino da humanidade é o de viver em uma sociedade diversificada e unida. Além de oferecer uma visão positiva de um futuro, ela também apresentou roteiros que levantavam questões sócio-culturais e políticas dentro de um universo construído e protagonizado por personagens em evolução, diferentemente de Além da Imaginação e Quinta Dimensão, que eram produções antológicas (uma história e personagens diferentes a cada episódio).
Por ser situada no futuro, muitas das questões sociais e políticas discutidas já eram consideradas parte do passado para os tripulantes da nave Enterprise. Assim, sempre que entravam em contato com uma nova civilização, que ainda estivesse vivenciando estas questões, a tripulação se colocava como um observador, convidando o telespectador a perceber, através desse ponto de vista, os absurdos que atos e formas de pensamento como aqueles geravam.
A produção da série
Comandada pelo Capitão James Tiberius Kirk (William Shatner), a nave estelar Enterprise realiza uma missão de cinco anos explorando o espaço e descobrindo novas civilizações no Século XXIII. Esta não é uma nave de combate, mas isto não significa que ela não esteja capacitada para se defender de ataques. Entre os membros de sua tripulação se destacam o Primeiro Oficial de Ciências, Sr. Spock (Leonard Nimoy), meio humano, meio vulcano, uma raça que aboliu as emoções preservando o raciocínio lógico; o Dr. Leonard McCoy (DeForest Kelley), médico responsável pela saúde de todos à bordo; navegadores Hikaru Sulu (George Takei), um japonês, e Pavel Chekov (Walter Koenig, a partir da segunda temporada), um russo; oficial de comunicações Nyota Uhura (Nichelle Nichols), africana; chefe de engenharia Montgomery Scott (James Doohan), mais conhecido como Scotty, um escocês; enfermeira Christine Chapel (Majel Barrett); e ordenança Janice Rand (Grace Lee Whitney, na primeira temporada).
Em 1964, Roddenberry ofereceu o projeto da série para a produtora Desilu, comandada pela atriz Lucille Ball. Neste primeiro momento, a história girava em torno do Capitão Robert April, comandante da S.S. Yorktown. Conforme o projeto foi sendo desenvolvido, April foi rebatizado de Christopher Pike, que chegou a ser interpretado por Jeffrey Hunter em um episódio piloto produzido para avaliação. Jornada nas Estrelas foi oferecida à rede CBS, que tinha contrato com a Desilu. No entanto, ela já tinha adquirido o projeto de outra aventura espacial, Perdidos no Espaço, e não se interessou pela produção. Então Herbert F. Solow, diretor de produção da Desilu, ofereceu o projeto para a rede NBC, na época comandada por Grant Tinker (marido de Mary Tyler Moore que formaria com ela em 1969 a produtora MTM, com a qual produziria The Mary Tyler Moore Show, The Bob Newhart Show, Chumbo Grosso/Hill Street Blues e St. Elsewhere).
Após assistirem ao episódio The Cage, os executivos da NBC apresentaram seu descontentamento com relação a alguns personagens e situações. A objeção mais famosa é em relação ao enredo do episódio, que foi considerado intelectual demais e com poucas cenas de ação. Assim, um novo piloto foi produzido a partir de outro roteiro, Onde Nenhum Homem Jamais Esteve/Where No Man Has Gone Before. Vale ressaltar que os dois episódios tratam do ‘poder da mente’. Ainda insegura quanto ao potencial da série, a NBC encomendou dezesseis episódios iniciais (já contando o segundo piloto) para a primeira temporada de Jornada nas Estrelas, agora estrelada por Shatner.
Enquanto isso, a Desilu enfrentava sérios problemas financeiros. Este era um pequeno estúdio que, na época, estava produzindo The Lucy Show e alugando suas dependências para outras produtoras independentes. Repentinamente, a Desilu se viu responsável por três projetos vendidos a canais diferentes: Missão: Impossível (CBS), Jornada nas Estrelas (NBC) e o faroeste The Long Hunt for April Savage (ABC). Era necessário cancelar um dos projetos. A diretoria votou em Jornada nas Estrelas, considerando seu custo de produção. Mas teria sido Solow quem convenceu Lucille a não descartar a série. Assim, o projeto da ABC foi cancelado.
Em 1967, novamente sufocada pelas dívidas, Lucille cedeu e vendeu a Desilu para a Gulf+Western, que fazia parte do grupo Paramount Pictures, ‘vizinha de muro’ do estúdio. Segundo o livro Desilu: The Story of Lucille Ball and Desi Arnaz, a troca de comando ocorreu durante as filmagens do episódio Mirror Mirror, da segunda temporada. No final de 1967, a Desilu foi transformada na Paramount Television.
Para a rede NBC, Jornada nas Estrelas nunca foi uma produção importante, considerando a baixa audiência que, segundo Solow em entrevistas, era de cinco milhões de telespectadores. Números muito baixos para uma época em que uma audiência boa girava em torno de vinte milhões de telespectadores. Para a Paramount a série tinha um custo muito alto, nenhum retorno e ainda por cima não tinha episódios suficientes para gerar lucro nas reprises (na época era necessário se ter cem episódios para fazer carreira nos canais regionais). Nem a Paramount nem a NBC queriam continuar com a produção. Segundo o livro NBC: America’s Network, a Paramount chegou a propor a Roddenberry que ele comprasse a parte do estúdio na série, o que daria ao produtor controle total sobre sua obra (bem como seu lucro/prejuízo). Mas este não tinha na época recursos para adquiri-la.
O que a manteve no ar foi o movimento que os fãs fizeram pedindo sua renovação. Liderados por John e Bjo Trimble, e com a ajuda de Roddenberry, foram enviadas à rede NBC e suas filiadas, bem como a colunistas e revistas, mais de 115 mil cartas em favor de Jornada nas Estrelas. O que as cartas mostraram aos executivos da NBC foi que os fãs faziam parte de um segmento demográfico que tinha um bom poder aquisitivo, o que poderia interessar seus anunciantes. Ainda assim, o canal não fez nenhum movimento para tentar elevar a audiência, programando a exibição dos novos episódios para o pior horário da sexta-feira à noite.
A série perdeu quase 50% de seu público e o cancelamento foi anunciado em 1969. A Paramount, que dois anos antes tinha fechado um contrato com a Kaiser Broadcasting, rede regional de canais UHF, vendeu a ela os direitos de reprise. Buscando conquistar um público jovem masculino, a Kaiser programou a exibição de Jornada nas Estrelas para segunda a sexta-feira às 18h. E assim teve início um novo ciclo de vida para uma produção que hoje é considerada um fenômeno.
As imperfeições da série
Quem não é trekker ou nunca viu um episódio da série, mas ouve os fãs comentarem com profundo afeto sobre esta produção, poderá concluir que ela é perfeita. Naturalmente, ela não é. O que tem de melhor, além da proposta, é o relacionamento que existe entre seus personagens e a forma como abordou diversos temas sociais, políticos e ideológicos.
Por outro lado, apesar de ser situada no futuro, ela não conseguiu escapar da mentalidade que dominava sua época. Para manter sua série no ar Roddenberry teve que fazer diversas concessões que permitiram a NBC, e posteriormente a Paramount, influenciar no resultado final do programa. A começar pelo fato de que ela se tornou menos intelectual em relação à forma como foi concebida, para que pudesse atingir uma audiência maior. A NBC queria uma série de ação. Assim, enredos e soluções para as situações em que a tripulação se envolviam foram simplificados e um número maior de cenas de ação foram introduzidas.
Roddenberry e sua equipe fizeram o máximo para equilibrar os interesses das duas partes envolvidas (produtores e canal). O resultado são episódios com uma qualidade acima da média para as produções da época, e outros que estão muito abaixo da qualidade da própria série. A maioria dos melhores episódios encontram-se entre a primeira e a segunda temporada.
No entanto, enfrentando a política comercial da NBC e a censura da época, os roteiristas sacrificaram um segmento para salvar o conteúdo proposto. Este segmento foi o universo feminino. Em seu primeiro piloto, The Cage, os produtores de Jornada nas Estrelas mostravam que havia interesse em colocar a mulher em pé de igualdade com o homem. Mas o sexo/erotismo atrai público e engana censores. As mulheres trocaram as calças compridas (vistas em The Cage) por minissaias. Sua importância na nave também foi reduzida.
Enquanto que em The Cage a mulher era o Primeiro Oficial (a segunda em comando), que participava das decisões, na série, sua presença está reduzida à função de enfermeira em participações recorrentes ou a de secretária do capitão (Janice), que desapareceu do elenco na primeira temporada, sem qualquer explicação na história. Quem teve presença mais significativa entre as personagens femininas (do elenco fixo ou recorrente) foi Uhura, a oficial de comunicações. Ela ainda participou efetivamente de alguns episódios (incluindo um no qual ela protagonizou o primeiro beijo entre um homem branco e uma mulher negra da TV americana), mas na maioria das vezes era deixada de lado.
Ocorreram, naturalmente, tentativas de introduzir personagens femininas inteligentes e que ocupavam cargos importantes (no elenco de convidadas), mas em contrapartida também existiam as emocionalmente instáveis, fúteis ou escravas de desejos e sistemas, sendo que a maioria eram mulheres sedutoras.
Segundo o produtor Robert Justman em entrevista para o livro NBC: America’s Network, o erotismo também era utilizado pelos roteiristas para desviar a atenção dos censores da NBC sobre os temas apresentados a cada episódio. A NBC, como todas as demais redes, seguia o código estipulado pela NAB (National Association Broadcasters). Assim, segundo ele, enquanto os censores se preocupavam se o figurino das personagens era muito revelador ou se elas se insinuavam demais para o Capitão Kirk (ou outro tripulante), eles não tinham tempo para analisar a ideologia discutida a cada episódio.
5 episódios representativos de Jornada nas Estrelas
Ao todo, a série original teve setenta e nove episódios produzidos, a maioria com bons roteiros, que resistiram à passagem do tempo, a despeito das limitações técnicas da época. Mas se você não conhece a série e gostaria de ser apresentado a ela em poucos episódios, estes cinco cumprem esta função.
O Demônio na Escuridão/The Devil in the Dark – Primeira temporada – A Enterprise recebe um pedido de socorro do planeta de mineração Janus VI, onde trabalhadores estão sendo mortos por uma criatura semelhante a uma rocha. Ao encontrar a criatura, Spock se conecta mentalmente a ela. O episódio faz uma crítica à forma como a exploração dos recursos naturais afeta a vida local; o julgamento pelas aparências; o desejo mútuo pela paz; e a união de forças para o bem comum.
Missão de Misericórdia/Errand of Mercy – Primeira Temporada – A guerra entre Federação e Klingons é declarada e a Enterprise tem a missão de evitar que eles tomem o planeta Orgânia. Para surpresa de Kirk e seus amigos, os organianos se recusam a aceitar a presença da Federação e exigem sua partida. Quando os ânimos entre Kirk e o comandante Klingon chegam ao seu limite, cada um justificando seus atos de guerra, os organianos decidem interferir. O episódio reflete a guerra fria. Duas forças lutando pelo controle, passando por cima de outras civilizações e culturas como se fossem as únicas potências do universo.
A Cidade à Beira da Eternidade/City on the Edge of Forever – Primeira Temporada – Após acidentalmente injetar-se com cordrazina, McCoy fica enlouquecido e transporta-se à superfície de um planeta, onde, fazendo uso da máquina conhecida como Guardião da Eternidade, viaja ao passado da Terra, alterando seu futuro. Tentando reverter a situação, Kirk e Spock também viajam ao passado chegando horas antes de McCoy. Lá eles conhecem Edith Keeler, por quem Kirk se apaixona. Mas logo Spock descobre que o futuro da Terra como a conhecem depende da morte de Edith. O episódio, considerado um dos melhores de toda a série, traz uma questão muito delicada: o bem de todos se sobrepõe aos interesses de um. Edith é apresentada como uma pacifista com um sonho de que, no futuro, a humanidade estará unida pelo bem comum e irá explorar o espaço. Mas na história, ela precisava morrer para que este futuro pudesse acontecer. Devemos nos lembrar que, nesta época, outros pacifistas que tinham o mesmo sonho foram assassinados.
Tempo de Loucura/Amok Time – Segunda Temporada – Spock entra no período do pon farr, ciclo reprodutivo que obriga os vulcanos a retornar ao seu planeta natal para se casar. Chegando em Vulcano, a prometida de Spock o rejeita e exige seu direito de ser escolhida pelo combate, no qual o vencedor se casará com ela. Para surpresa de todos, ela escolhe Kirk como seu campeão. O episódio mostra pela primeira vez o planeta onde Spock nasceu, explora sua cultura e a relação de amizade que se formou entre ele, Kirk e McCoy. O episódio traz o peso da responsabilidade, o respeito às tradições e os conflitos que surgem quando ela interfere na vida e na evolução de um indivíduo.
A Última Batalha/Let That Be Your Last Battlefield – Terceira Temporada – A caminho do planeta Arianus, a Enterprise intercepta uma nave do planeta Cheron. Nela está Lokai, um homem acusado de instigar a massa contra o sistema. Pouco depois, a Enterprise é abordada por Bele, nativo do mesmo planeta, que tem a missão de levar Lokai para ser julgado por seus crimes. Temendo por sua vida, Lokai pede asilo. Mas Kirk prefere deixar para a Federação a responsabilidade de julgar Lokai, o que não é aceito por Bele. O episódio faz uma crítica clara e direta ao ódio crescente das ruas, que leva pessoas de diferentes etnias ou de ideologias a se enfrentarem, muitas vezes indo às últimas consequências, em nome de um futuro melhor. Também vale a pena destacar que, quando não afeta diretamente seus interesses, a tripulação da Enterprise coloca em prática a diretriz de não interferência na cultura de outras civilizações.
Fonte: http://veja.abril.com.br/
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