segunda-feira, 11 de março de 2013

XFB - A história de um Fã-Clube

Era uma época gloriosa...centenas de fãs que se encontravam em eventos para se deleitarem com episódios inéditos e outras memorabilias para os mais aficcionados pela melhor série de investigação da década de 90: The X-Files (ou Arquivos X, como exibido no Brasil).
A série estreou em setembro de 1993 e terminou em maio de 2002. Foi um sucesso para o canal FOX, e os personagens e slogans, como por exemplo, "The Truth Is Out There" (A Verdade Está Lá Fora), Trust No One (Não Confie Em Ninguém), I Want to Believe (Eu Quero Acreditar), tornaram-se marcos na cultura pop na década de 1990. 

Na série, os agentes  Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson) do FBI, são investigadores dos Arquivos X: casos não solucionados envolvendo fenômenos paranormais. Mulder acredita na existência de extraterrestres e em paranormalidade, enquanto Scully, uma médica cética, é designada para fazer análises científicas das descobertas de Mulder. Ainda no começo da série ambos agentes tornam-se alvo de uma trama conspiratória (denominados "mitologia" pelos produtores), e passam a confiar apenas um no outro. Eles desenvolvem um relacionamento próximo, começando com um sentimento platônico e depois tornando-se um relacionamento romântico no término da série.  

 O XFB - X-Files Bureau

Como resultado do grande sucesso de arquivo X, foram surgindo no mundo inteiro fãs-clubes desta grande série. Esse novo culto à série pode ser comparado ao da série Jornada nas Estrelas, até hoje uma das maiores em número de seguidores. Faltava no Brasil, pois, um fã-clube que se identificasse com os milhares de fãs de Arquivo X, que cresciam aos montes. Tínhamos fãs-clubes de Jornada nas Estrelas e outros pequenos fãs-clubes de séries não muito conhecidas.
O grupo surgiu a partir do encontro de pessoas com interesse voltado para a série, e que não possuíam contato com várias outras pessoas do mesmo interesse. após uma matéria publicada no jornal O Globo (Rio Fanzine), onde foram publicadas as cartas de quatro fãs, todos foram prontamente correspondidos por dezenas de pessoas. Após essa "avalanche" de cartas, uma das fãs organizou um encontro com essas pessoas.
Os dubladores Juraciara e Jorge Eduardo.
1º Evento do XFB (Auditorio da UERJ)
 O primeiro encontro reuniu cerca de 25 pessoas num barzinho, todas muito animadas e relativamente coesas. Muito foi conversado e cogitou-se organizar aquele grupo para outros encontros. Um mês depois, deu-se o segundo encontro, com cerca de 45 pessoas, que já não eram tão coesas, Houve muita conversa fora do contexto de Arquivos X. Nessa mesma época, um dos fãs, de nome Julian Távora, já havia editado o primeiro número do fanzine "Universo X", e havia grande vontade por parte dos mais interessados pela série, de trazer maior organização para o grupo e buscar objetivos mais concretos.
Para  o terceiro encontro, um grupo reuniu-se com antecedência para fazer todo um planejamento para que esse encontro pudesse ser o marco inicial para o fã-clube que viria a ser chamado de X-Files Bureau ou XFB.

Memorabilia pessoal
O fã-clube surgiu com a finalidade de unir os fãs de forma ordenada, proporcionando-lhes informações mais detalhadas sobre o seriado, programação de eventos, obtenção de material relativo à série, contatos no Brasil e no exterior com outras entidades relacionadas à série, e principalmente, divulgação da mesma. Diversos eventos foram realizados, a maioria no auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tendo um público não inferior a 300 pessoas por evento. Os fãs preenchiam um cadastro para fins de mala direta, e eram notificados de todas as atividades do fã-clube. O que mais chamava a atenção eram os crachás dos coordenadores do grupo, réplicas exatas dos personagens da série. A carteirinha também era idêntica, e no caso dos associados, a única coisa que mudava era o nome "XFB" ao invés de "FBI", usado somente pelos fundadores do fã-clube.
Caneta exclusiva do Fã-Clube

Os sócios também recebiam um fanzine bimestral, o "Universo X", editado por Julian Távora, também fundador do fã-clube, e continha informações diversas relacionadas à série. Em nossos eventos, uma grande quantidade de memorabilia  X era vendida aos fãs, desde pôsteres a camisetas e canetas, passando por pins, buttons, cards, e muitos outros apetrechos.

O XFB em São Paulo
Interessante notar também que, ao contrário de outros fãs-clubes que corriam atrás da imprensa para sua divulgação, era a mídia que corria atrás do fã-clube. Minha casa, por exemplo, serviu como base para entrevistas ao jornal O Dia, Revista Veja, O Globo, mas também tivemos matérias publicadas em outras magazines, como a revista Incrível (hoje extinta), Manchete (também extinta), entre outras. No caso da revista Incrível, só deixamos de ser matéria de capa por causa dos Beatles (aí seria demais, né?), mas a primeira matéria da revista foi a do XFB. Em matérias sobre o seriado citadas em diversos jornais, como por exemplo, o Correio Brasiliense, o XFB foi considerado o maior e mais importante fã-clube do Brasil. Que mais poderíamos desejar?
Como tudo nessa vida um dia encontra seu fim, o fã-clube não poderia ser exceção. Mas enquanto durou, fizemos muitas amizades (e também tivemos "adversários"), muitos contatos importantes, festas colossais em lugares badalados no Rio de Janeiro, além do que, uma fantástica emoção, conhecer os principais dubladores da série, os queridos Jorge Eduardo e Juraciara Diácovo, super simpáticos e que participaram de diversos eventos do fã-clube.

 Hoje, cada um dos fundadores do XFB estão separados, vivendo suas vidas e seu dia-a-dia, enquanto eu, motivado a perpetuar o seriado, guardei inúmeras relíquias daquela saudosa época, como camisetas, bonés, pins, pôsteres, canetas, cards, enfim, bastante coisa. Montei até 5 books só com matérias de Arquivo X. Adquiri diversos CDs da série, inclusive adquiridos lá na Europa, com versões tecno-dance do tema principal, uma loucura!

Ainda desejando não só perpetuar o seriado, mas também o nome do fã-clube, realizei um evento no Sesc Tijuca, como Irmandade X, com a finalidade de avaliar quem poderia levar adiante um novo XFB. Foi criado um outro fã-clube, que seria chamado de "XFB- A Nova Geração", mas que infelizmente não teve a mesma repercurssão que seu antecessor.

Os fundadores reunidos (Sesc Tijuca-RJ)
Vez por outra encontrava nas ruas algum antigo associado do fã-clube, que me reconhecia e perguntava por que o XFB não retomava suas atividades, mesmo estando os antigos fundadores mais velhos e com outros compromissos em suas vidas. "Por que Sting não volta para o The Police, o Morrisey para The Smiths...? Pela simples razão de que tudo tem seu tempo, sua vez, e depois passa, pois tem que ser assim", era minha resposta. O XFB terminou no auge, e será sempre lembrado por todos aqueles que dele fizeram parte e com ele conviveram, perpetuando-se como o maior e melhor Fã-Clube de Arquivos X que nosso país já teve...

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