Desde o último dia 27 de março, o Brasil conheceu o mistério do desaparecimento do jovem estudante de psicologia Bruno Borges, de 24 anos, em Rio Branco, no Acre. Desde que sumiu do quarto com a porta trancada, tem provocado dúvidas e teorias na internet.
Além de 14 cadernos criptografados e inscrições misteriosas nas paredes do cômodo, um dos maiores mistérios do episódio é uma estátua de Giordano Bruno que foi deixada no centro do quarto. Além de uma semelhança física com o jovem desaparecido, Giordano Bruno era um famoso teólogo e filósofo que viveu durante o século 16.
O estudante era um grande admirador da obra do filósofo, que acabou condenado à morte na fogueira depois de condenações de heresia por conta da utilização de métodos científicos que iam de encontro aos dogmas da Igreja Católica.
Giordano Bruno nasceu em Nápoles, em 1548 e, desde seus 15 anos de idade, se uniu à Ordem dos Dominicanos, formada por monges da Itália. Foi só quando entrou na ordem que adotou o nome de Giordano, alterando o seu nome de batismo original, Filippo Bruno.
Dentro da ordem, dedicava seu tempo para estudar a teologia de São Tomás de Aquino e a filosofia de Aristóteles. Depois anos depois de entrar no seminário, aos 17, passou a fazer parte da Ordem dos Pregadores.
Com o tempo, começou a desenvolver algumas ideias que foram consideradas extremamente controversas para a época. Entre as suas crenças, estava a negação de qualquer imagem religiosa que não fosse o crucifixo, o que gerou acusações por heresia e julgamentos em Roma. Por conta das divergências, pouco tempo depois que recebeu o doutorado em teologia, abandonou a ordem, em 1575.
Na nova etapa da vida, Giordano Bruno começou uma peregrinação para propagar e defender algumas de suas crenças. Segundo Deus seria infinito, assim como o universo, o que significaria que ele está presente em todos os seres humanos, ao mesmo tempo em que transcende a humanidade. Mesmo que os conceitos pareçam contraditório, eles eram defendidos pelo filósofo, pois ele se baseava na teoria que os opostos poderiam se encontrar no infinito. Dessa forma, ele defendia que Deus deve estar presente em tudo, na forma de sabedoria e amor infinito, algo que a humanidade não estava pronta para compreender.
Sempre perseguido durante suas peregrinações pela Europa, Giordano Bruno continuou a divulgar suas teorias por onde passava, incluindo Suíça, Inglaterra, França, Alemanha e República Tcheca. Numa dessas passagens por terras distantes de casa, chegou a se converter ao calvinismo, mas abandonou a religião quando considerou que ela ia contra a liberdade intelectual que ele acreditava.
Após vários anos em peregrinação e fuga, foi preso em Veneza, a pedido do Papa. Em Roma, o julgamento de Bruno durou cerca de oito anos.
Dentre as principais acusações contra ele estavam a blasfêmia, a conduta imoral e a heresia. No último de seus julgamentos, realizado em 8 de fevereiro de 1600, acabou sendo condenado à morte na fogueira, nove dias antes de sua morte.
Na ocasião de sua morte, teve a boca coberta por um objeto de madeira, para evitar que ele falasse algo, como quando recebera a sentença de morte. Quando condenado, Giordano Bruno teria respondido a seus acusadores com uma espécie de desafio: Maiori forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam (“Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la”).
Em resumo, Giordano Bruno defendia a ideia de que tudo na Terra possui alguma forma de vida dentro de si, mas sua ideias liberais foram consideras ultrajantes demais para a Igreja da época, provocando sua condenação e sua morte.
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