domingo, 18 de maio de 2014

Os Ritos Maçônicos (Parte Final)

Rito Escocês Antigo e Aceito revelado
O rito escocês antigo e aceito (REAA)  é um dos ritos maçonicos mais comuns do mundo. Sob uma ótica controvérsa diz-se fundado em 1801 em Charleston, Estados unidos pelos irmãos John Mitchell e Frederic Dalcho, usando como base a Grande Constituição de 1786, atribuido a Frédéric II da Prússia (1712-1786). Em sua origem apenas compreendia os três primeiros graus (simbólicos).
Atualmente composto de 33 graus, é praticado normalmente sob dois orgão complementares distintos, são eles:

  • Uma obediência maçonica que regula as lojas dos três primeiros graus;
  • Um Supremo Conselho que regula as oficinas do 4º ao 33º grau.


As primeiras referências ao grau de "Mestre escocês" datam em 1733 nos registros da loja Temple Bar, em Londres, onde foi conferido o grau Scots Master (no inglês antigo). Foi igualmente conferido numa loja de Bath em 1735 e numa loja francesa Saint George de l'Observance nº 49 em 1736.

Rito de Perfeição

Um comerciante francês chamado Étienne Morin foi instruído nos altos graus e em 1744 fundou a Loja Escocêsa no Cabo Francês (atual Haiti) ao norte da colônia de Saint-Domingue (atual República Dominicana). Em 27 de agosto de 1761 em Paris, recebeu a patente dos oficiais da Grande Loja o nomeando "Grande Inspetor por todas as partes do mundo". Porém neste período ele praticava um rito chamado "Rito do real segredo", também conhecido como "Rito de perfeição", é datado de 1762 e possuía 25 graus, sendo o seu mais alto grau o "Sublime príncipe do real segredo", o qual inclusive teria sido o mesmo praticado em Paris pelo Conseil des Empereurs d'Orient de d'Occident (conselho dos imperadores do oriente e do ocidente).

Em seu retorno à Saint-Domingue e graças a sua patente ele constitui progressivamente lojas de todos os graus pelas Antilhas e América do Norte, criando em 1770 o "Grande Capítulo" de seu rito em Kingston, Jamaica, onde falece em 1771.
Carta do Rito de Perfeição
Outro personagem que ajudou na difusão deste rito no Novo Mundo foi um holandês naturalizado inglês chamado Henry Andrew Francken (1720-1795), nomeado por Morin como "Grande Inspetor Geral Adjunto", e trabalharam em colaboração redigindo um manuscrito contendo os rituais do 15º ao 25º grau. Francken redigiu ao menos dois outros manuscritos, o primeiro em 1783 e o segundo por 1786, todos continham os graus do 4º ao 25º.

Em 12 de abril de 1764 foi fundado em Nova Orleans a loja "Perfeitos da Escócia", primeira oficina de altos graus no continente norte americano. Sua existência foi breve devido ao Tratado de Paris (1763) que punha fim a guerra dos sete anos entre França e Grã-Bretanha. Desta forma Nova Orleans foi cedida à Espanha católica e hostil a maçonaria, sendo toda atividade maçonica deveria acabar até 1790.

Francken se instala em Nova York em 1767 onde recebe uma patente datada de 26 de dezembro pela formação de uma loja em Albany, permitindo conferir os graus de perfeição (4º ao 14º) pela primeira vez dentre as treze colônias britânicas.

Durante sua estadia em Nova York, Francken comunica também a nomeação à Moses Michael Hays, cormerciante judeu, para "Inspetor Geral Adjunto". Alguns anos depois, em 1781, Hays nomeia outros 8 inspetores adjuntos, dos quais quatro lançaram mais tarde uma regra notavel na fundação do rito escocês antigo e aceito. Um destes foi Isaac Da Costa, que retornou para Charleston e estabelecou uma "Sublime Grande Loja de Perfeição" em fevereiro de 1783, porém faleceu em novembro e Joseph Myers ficou como sucessor.

Nascimento do Rito Escocês Antigo e Aceito

O rito escocês antigo e aceito foi estabelecido com a fundação do primeiro Conselho Supremo, em maio de 1801 em Charleston sob a liderança de John Mitchell e Frederick Dalcho foi criado o Supremo Conselho da Jurisdição do Sul. A partir deste surgiram outros pelo mundo, a título de exemplo:
·         Supremo Conselho do 33º grau na França, em 1804;
·         Supremo Conselho da Jurisdição do Norte dos Estados Unidos, em 1813;
·         Supremo Conselho da Inglaterra e País de Gales, em 1845.
Supremo Conselho da França

Estruturação e crescimento

Existe um maçom muito polemizado que é frequentemente considerado nos Estados Unidos como o homem que mais fez para o sucesso do REAA, este é Albert Pike (1809-1891).

Desenvolvendo estágios bastante obscuros no rito. Pike recebeu todos os graus do 4º ao 32º do historiador maçonico americado Albert Mackey em março de 1853 em Charleston, e no mesmo ano foi nomeado Inspetor Adjunto para o Arkansas.

Naquela época, os graus ainda eram rudimentares e muitas vezes contêm apenas uma breve legenda acompanhada de alguns detalhes, mas na maioria das vezes sem ritual de iniciação adequado. Em 1855 o Supremo Conselho da Jurisdição Sul nomeou um comitê para preparar os rituais completos do 4º ao 32º grau. Este comitê foi composto por Albert G. Mackey, John H. Honra, W. S. Rockwell, C. Samory e Albert Pike, este último se dedicando a maior parte do trabalho.

Em março de 1858, Pike foi eleito membro do Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos Estados Unidos e tornou-se o Grande Comendador em janeiro de 1859. A guerra civil interroumpeu seu trabalho sobre os rituais do rito escocês, e após a guerra ele foi para Washington e, em 1868 ele completou seu trabalho de revisão dos rituais.

Pike também escreveu congressos para todos os graus que publicou em 1871 sob o título Moral e Dogma do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Albert Pike


Dos Estados Unidos para França

O Rito Escocês Antigo e Aceito apareceu na França graças ao irmão Grasse-Tilly em 1804, ao voltar das "ilhas da América". Ele fundou o primeiro Supremo Conselho na França no mesmo ano.
Um Tratado da União foi assinado em dezembro 1804 entre o Grande Oriente da França e o Supremo Conselho do 33º Grau, na França. O acordo foi de fato aplicado até 1814. Com este tratado, o Grande Oriente de França se apropriou do Rito Escocês Antigo e Aceito.

De 1805 a 1814, o Grande Oriente de França administrou os primeiros 18 graus do rito, deixando ao Supremo Conselho da França a tarefa de administrar os demais 19º a 33º. Em 1815, cinco dos líderes do Supremo Conselho fundaram no Grande Oriente da França, o Supremo Conselho de Ritos. O primeiro Supremo Conselho da França adormeceu de 1815 a 1821.

O Supremo Conselho das Ilhas da América (fundada em 1802 por Grasse-Tilly, despertado por Delahogue por volta de 1810) reviveu em 1821 o Supremo Conselho do 33º Grau na França e fundiram-se em uma organização: o Supremo Conselho da França. Ele declarou-se maçonicamente independente e de poder soberano. Ele criou lojas simbólicas (três primeiros graus e que, normalmente, se unem a uma Grande Loja ou Grande Oriente).

Em 1894, o Supremo Conselho da França criou a Grande Loja da França cuja autonomia se tornou totalmente independente em 1904, quando o Supremo Conselho da França renunciou as questões de patente constituindo novas lojas. O Supremo Conselho da França, no entanto, ainda se considera como o guardião da consistência dos 33 graus do rito. A relação entre as duas estruturas continuam estreita como evidenciado pelas duas que organizam-se conjuntamente a cada ano.

Em 1964, o Soberano Grande Comendador Charles Riandey com 400-500 membros na Jurisdição do Supremo Conselho, o deixou e juntou-se a Grande Loja Nacional Francesa. Acredita-se que por causa de sua renúncia - embora tenha continuado a trabalhar sem ele - hoje não exista mais o Supremo Conselho da França. A França é, portanto, um dos poucos países onde coexistem três Supremos Conselhos legítimos:

  • Supremo Conselho da França (do Supremo Conselho de 1804 e estabelecido em 1821 diz-se a partir do Supremo Conselho das "Ilhas da América", fundada em 1802, em Saint-Domingue), sobre a Grande Loja da França;
  • Supremo Conselho e Grande Colégio do Rito Escocês Antigo e Aceito (do Supremo Conselho de 1804, estabelecido em 1815), sobre o Grande Oriente de França;
  • Supremo Conselho para a França (a partir do Supremo Conselho da Holanda, fundada em 1965), sobre a Grande Loja Nacional Francesa.

 Os Graus e suas divisões

Não existe na Franco-Maçonaria uma classificação superior ao Terceiro Grau, sendo este Mestre Maçom. É um dos princípios fundamentais da "regularidade maçonica" que todos os mestres maçons estejam em condições de igualdade, sem consideração da posição social ou de posse de outros graus. É por isso que os graus acima do terceiro devem ser considerados como graus de ensino ou de aperfeiçoamento, e não como graus envolvendo um poder particular.
Em muitos países os graus simbólicos podem ser praticados sob um outro rito antes de obter acesso aos demais graus do REAA. Os 33 graus são (Jurisdição Francesa):

Loja simbólica      
  
1°      Aprendiz       
2°      Companheiro 
3°      Mestre

Loja de perfeição   

4°      Mestre Secreto       
5°      Mestre Perfeito       
6°      Secretario Íntimo    
7°      Preboste e Juiz       
8°      Intendende dos Edifícios    
9°      Mestre Eleito dos Nove      
10°     Ilustre Eleito dos Quinze     
11°     Sublime Cavaleiro Eleito     
12°     Grande Mestre Arquiteto    
13°     Cavaleiro do Real Arco       
14°     Grande Eleito Perfeito e Sublime Maçom ou Grande Eleito da Abóbada Sagrada        

Capítulo   
     
15°     Cavaleiro do Oriente ou da Espada
16°     Príncipe de Jerusalém        
17°     Cavaleiro do Oriente e do Ocidente
18°     Soberano Príncipe Cavaleiro Rosacruz      
19°     Grande Sacerdote   
20°     Mestre Ad Vitam     
21°     Cavaleiro Prussiano  
22°     Príncipe do Líbano   
23°     Chefe do Tabernáculo        
24°     Príncipe do Tabernáculo     
25°     Cavaleiro da Serpente de Bronze   
26°     Príncipe da Misericórdia      
27°     Grande Comendador do Templo     
28°     Cavaleiro do Sol      
29°     Grande Escocês de Santo André da Escócia       
30°     Cavaleiro Kadosh     

Consistório  

31°     Grande Inspetor Inquisidor  
32°     Sublime Príncipe do Real Segredo  

Supremo Conselho

33°     Soberano Grande Inspetor Geral    

Exceções, particularidades e desacordos

Algumas particularidades mais notáveis:

  • A independencia dos graus simbólicos e dos altos graus nem sempre foi claramente estabelecido como é atualmente. Hoje a maioria das obediencias maçonicas praticam como premissa os três primeiros graus;

  • O nome REAA possui variações sutis dependendo da região e tradução, a título de exemplo a Jurisdição Norte dos Estados Unidos utiliza a expressão Ancient Accepted Scottish Rite (sem o and), com uma idéia de antiga aceitação;

  • Em diversas juridições e obediências possuem os graus realmente praticados e os demais transmitidos por "comunicação", ou seja, o ritual do grau não é realizado.


Algumas diferenças entre países:

  • Na Inglaterra o rito é geralmente chamado "Rito antigo e aceito", praticando somente o 18º grau, sendo o 30º reservado aos antigos presidentes dos capítulos, os graus acima são conferidos a um numero muito pequeno. Pela obediencia Droit Humain do Reino Unido é praticado do 1º ao 33º grau;

  • Na Escócia praticasse o 18º e o 30º, os demais funcionam como na Inglaterra;

  • Na França e Bélgica são geralmente praticados e concedidos iniciações aos seguintes: 4º, 9º, 12º ao 18º, 22º, 26º, 28º, 30º ao 33º. Na Bélgica há praticas também de iniciação dos graus 5 e 29;

  • Nos Estados Unidos, a jurisdição norte reformou suas práticas de forma significativa entre 2004 e 2006, os nomes dos graus de 21 a 33 foram trocados. Além disso, o sistema norte-americano é muito mais rápido do que em outros países, uma vez que permite alcançar o grau 32 em poucos anos, enquanto na Europa e América do Sul a progressão exige prática assídua de mais de vinte anos. Por esta razão, muitos países não reconhecem automaticamente os altos graus recebidos pelos seus membros.
Fonte: Ambas Colunas

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